Estádios da Copa já somam 20 atrasos e gastos de R$ 8 bilhões podem aumentar
Em 13 de janeiro de 2010, 11 prefeitos e 12 governadores, além de Orlando Silva Júnior, ministro do Esporte na época, assinaram um documento público que definia compromissos a serem assumidos pelas sedes da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A chamada Matriz de Responsabilidades, em sua primeira versão, definia, entre outras coisas, datas para que os estádios, novos ou reformados, estivesses prontos: entre agosto e dezembro de 2012. Das 12 arenas, apenas duas foram concluídas no prazo: Castelão (Fortaleza) e Mineirão (Belo Horizonte). A quatro meses para a abertura do Mundial, cinco locais seguem inacabados.
Apenas nesta semana, dois estádios tiveram suas entregas adiadas, e sem nova data prevista: Arena da Amazônia (Manaus) e Arena Pantanal (Cuiabá). Com isso, chegam a 20 o número de atrasos envolvendo as arenas do Mundial. A falta de pontualidade para cumprir o cronograma irrita a Fifa, tanto que o presidente Joseph Blatter já elegeu o Brasil como a Copa mais atrasada da história.
A falta de pontualidade assombra Comitê Organizador Local (COL) e Fifa desde a Copa das Confederações. Com Castelão e Mineirão prontos, os outros quatro estádios a serem usados tiveram prazos estendidos para abril. O Mané Garrincha, em Brasília, abrigou os primeiros jogos testes em maio, a menos de um mês da abertura, e com gramado recém-plantado. Já o Maracanã recebeu uma partida comemorativa em abril, mas ficou 100% pronto apenas para o amistoso entre Brasil e Inglaterra, no início de junho.
Para os outros seis estádios, o limite passou para dezembro de 2013. Sejam por questões acidentais, como a queda de um guindaste na Arena Corinthians e o incêndio na Arena Pantanal, ou problemas burocráticos, nenhum cumpriu o prometido. Antes do sorteio dos grupos da Copa, em dezembro, na Bahia, Blatter abriu exceções para Curitiba (fevereiro) e São Paulo (até 15 de abril). Os outros quatro deveriam ser finalizados até o fim do mês. Nada aconteceu, sob o pretexto das festividades de Natal e reveillon. Novo prazo: janeiro.
Chegou 2014, e apenas a Arena das Dunas, em Natal, finalizou seus trabalhos em janeiro. A Arena da Baixada, estádio mais atrasado entre os seis pendentes, será inspecionada pela Fifa no próximo dia 18, sob o risco de ser excluída da Copa. O Atlético-PR, dono do local, encontra dificuldades financeiras para concluir a obra. O governo do Paraná requisitou um novo empréstimo ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de R$ 250 milhões, sendo que R$ 65 milhões serão destinados à arena.
O Beira-Rio, do Internacional, teoricamente seria o primeiro estádio da Copa a ficar pronto, agosto de 2012, segundo compromisso registrado na primeira versão da Matriz de Responsabilidades. Após abrigar um jogo-treino em janeiro e realizar testes na iluminação, o local deverá receber no próximo sábado uma partida do Campeonato Gaúcho, entre o dono da casa e o Caxias. Tudo depende de uma vistoria do Corpo de Bombeiros, a ser realizada até sexta, já que as obras ainda estão na reta final.
Os prazos não se cumprem, assim como o orçamento. Quando a primeira versão consolidada da Matriz de Responsabilidades foi divulgada, em 26 de abril de 2012, o investimento global previsto para estádios era de R$ 6,76 bilhões. Passou de R$ 7,03 bilhões em dezembro, para atingir o patamar de R$ 8 bilhões em setembro de 2013.
O Diário Oficial da União já publicou, em novembro, a autorização para que a Matriz seja atualizada. Isso significa que os gastos referentes a estádios podem ter aumentado, principalmente se o empréstimo destinado às obras na Arena da Baixada for aprovado pelo BNDES. Resta saber se a conta de quanto a Copa do Mundo custou será divulgada antes do apito inicial do torneio, em 12 de junho, ou depois de o capitão da seleção campeã levantar a taça, em 13 de julho.
Fonte: iG