Em um mês, piorou situação de executivos da Odebrecht e Andrade

Presos há mais de um mês, piorou a situação dos executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. Houve maior complicação para o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.

Quando os executivos foram presos em 19 de junho, houve uma forte contestação às detenções e à investigação, no sentido de apontar eventuais abusos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça.

Logo depois, foi apreendido um bilhete de Marcelo Odebrecht, no qual ele escreveu o verbo destruir. A defesa argumentou que seria destruição no sentido de rebater argumentos da investigação, mas policiais federais acham que era para destruir mesmo eventuais provas.

Depois, surgiram anotações de Marcelo Odebrecht que os investigadores consideram ter muitas descrições de ações para interferir na Lava Jato. Por exemplo, há nas anotações iniciais de vários políticos, como “AM”, que seria Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil, e “GA”, que seria Giles Azevedo, o assessor mais próximo da presidente Dilma. Alguns avaliaram que GA significaria o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, mas os investigadores acreditam que se trata de Giles Azevedo.

Nas anotações, há uma que sugere a existência de uma conta na suíça que poderia ter dado contribuição para a campanha eleitoral de uma mulher. A tese dos investigadores é de contribuição para a campanha da presidente Dilma no ano passado.

Em relação à tarja preta sobre o nome do senador José Serra, não se tratou de uma tentativa de proteger o tucano paulista. Mas porque aparece uma anotação que sugere, na avaliação dos investigadores, possibilidade de entrega de recursos ao senador. Como Serra tem foro privilegiado, os investigadores usaram a tarja preta.

Por que não fizeram isso em relação a outros políticos que teriam foro privilegiado? Porque, na avaliação preliminar dos investigadores, essas menções apareceram num contexto em que não justificariam um procedimento investigatório naquele momento.

O próprio Marcelo Odebrecht cometeu erros que agravaram a sua situação. Nos bastidores, os investigadores dizem que aquela posição firme dos executivos de não fazer delação premiada mostrada há um mês poderia vir a mudar em face do que descobriram. A situação dos executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez se complicou. Eles serão denunciados e deverão virar réus. Deverão ser levados em conta os reflexos disso sobre as duas companhias, as duas maiores empreiteiras do país.

Uma delação de algum executivo de uma dessas empresas seria uma bomba atômica, sobretudo para o governo e o PT, mas também para gente da oposição, porque essas empresas são grandes financiadoras de campanha de todos os partidos políticos.

Em resumo, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez se fragilizaram em um mês. Saíram da ofensiva para a defensiva. Não é mais um absurdo pensar numa eventual delação premiada.

Fonte: Blog do Kennedy

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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