Em artigo, Moro alfineta quem critica prisões da Lava Jato
Na visão do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, há ao menos um motivo para as (recorrentes) críticas às prisões sem julgamento da operação: o fato do grupo de presos em questão ser formado por pessoas “ilustres”.
Com isso, segundo ele, as críticas “refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei”.
De acordo com magistrado, em três anos, a Lava Jato decretou 79 prisões preventivas que, segundo ele, não duraram mais do que alguns meses. Hoje, ele afirma, são apenas sete acusados nessas condições.
Moro sustenta que esse número é “significativo” mas pequeno se comparado com a Operação Mãos Limpas, na Itália, que prendeu, só em Milão, 800 pessoas sem julgamento durante os três primeiros anos.
Ele também rebate o argumento de que as prisões teriam o objetivo de pressionar suspeitos a firmar acordos de delação premiada. “A maioria dos acusados decidiu colaborar quando estava em liberdade, e há acusados presos que resolveram colaborar e acusados presos que não colaboraram”, afirma Moro.
Sem divulgar nomes, mas em clara referência à Odebrecht, Moro afirma que foi a prisão preventiva em junho de 2015 de executivos da empreiteira que desmantelou o departamento de propinas da empresa. Não fosse isso, na visão dele, “o departamento de propina ainda estaria em plena atividade”.
Para Moro, “se a firmeza que a dimensão dos crimes descobertos reclama não vier do Judiciário, que tem o dever de zelar pelo respeito às leis, não virá de nenhum outro lugar”.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, há 221.054 presos provisórios hoje no país.
Fonte: Exame