E agora, Xavier? Maurílio Fontes

Parafraseando o título da poesia “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade (1902/1987), musicada por Paulo Diniz, faço a seguinte pergunta: E agora, Xavier?

Tal questionamento é dirigido para o empresário Juracy Xavier, 72, proprietário da Xavier Transportes Urbanos, envolvida em grande polêmica no final da semana passada, após publicação de decreto de cassação de suas linhas pela Prefeitura de Alagoinhas. 

Polêmica, frise-se, que ainda não terminou e parece que não terá o tão esperando final feliz. A empresa, desde que voltou a trafegar, é alvo de intensas críticas de usuários nas redes sociais por conta da interrupção dos trajetos pela velha e tão conhecida realidade: a quebra dos ônibus nas vias públicas do centro da cidade e dos bairros.

A frota, segundo especialistas na área, não suporta mais a demanda e está sempre desfalcada, em processo de autofagia diária para manter as aparências e menos da metade dos “carros” rodando

Entretanto, há muito tempo as aparências não enganam mais. A situação é crítica e o grande fantasma “xavieriano” é o tempo, insuficiente para que a empresa apresente todas as condições adequadas de seus ônibus, exigidas pela SMTT e INMETRO, e as certidões negativas de tributos.

Se a administração municipal errou no episódio de cassação das linhas da Xavier, pelo atropelo da legalidade, não é menos verdade que a empresa, apesar do apoio obtido de segmentos da sociedade alagoinhense, está por um fio, “mais para lá do para cá”, segundo o dito popular.

A reprovação de três ônibus da Xavier por técnicos da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) apimenta ainda mais o episódio e dá tons dramáticos ao enredo. Para uns, o órgão está cumprindo sua obrigação e protegendo os usuários.

Outros, entretanto, alinhados com esforço de recuperação da Xavier, imaginam um roteiro de perseguição colocado em prática pela Prefeitura de Alagoinhas, insatisfeita com o recuo quanto ao ingresso da Lis no sistema de transporte urbano do município. 

Nesta confusão toda, a palavra cabe ao empresário, que precisa demonstrar competência para responder à pergunta drummoniana, com a licença poética do site: E agora, Xavier?

Foto: SECOM – Prefeitura de Alagoinhas