Dólar fecha abaixo de R$ 3,10 pela primeira vez em 20 meses

O dólar fechou nesta terça-feira (14) abaixo de R$ 3,10 pela primeira vez desde junho de 2015, após o Banco Central decidir retomar as intervenções no mercado cambial e com os investidores digerindo as declarações da presidente do banco central americano sobre o ritmo de alta de juros nos Estados Unidos.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, recuou 0,54%, para R$ 3,097, menor patamar desde 24 de junho de 2015. O dólar comercial caiu 0,48%, também a R$ 3,097, nível mais baixo desde 2 de julho de 2015.

No exterior, o dólar fechou sem direção definida em relação à cesta de principais moedas do mundo, mas se valorizou ante 16 das 31 maiores divisas globais.

As atenções ficaram voltadas para as declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, no Senado dos Estados Unidos. Ela indicou que o comitê de política monetária pode adotar novos aumentos de juros se o crescimento da economia americana superar as expectativas do Fed sobre inflação e melhora do mercado de trabalho.

Segundo Yellen, adiar uma elevação dos juros seria “insensato”. Ela destacou, porém, as incertezas com as políticas fiscais a serem adotadas pelo republicano Donald Trump e ressaltou que a falta de clareza do cenário dificulta medir eventuais impactos no crescimento econômico do país.

“Ela sinalizou que o Fed está pronto para agir, mesmo no curto prazo, mas ressaltou que qualquer definição depende da questão fiscal e do Congresso”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity. “Ainda há uma expectativa em relação ao que vai ser o futuro da política econômica adotada por Trump, mas ele próprio continua não deixando isso claro. Aí o Fed não tem como fazer projeções.”

A retomada das intervenções do Banco Central no câmbio também ajudou a manter a moeda americano no menor patamar em quase 20 meses. A autoridade monetária voltou a fazer leilão de swap tradicional —equivalentes à venda de dólares no mercado futuro— para rolar os contratos que vencem em março. O BC vendeu 6.000 contratos pelo equivalente a US$ 300 milhões.

A última vez que o BC tinha atuado no mercado de câmbio havia sido em 30 de janeiro.

No mercado de juros futuros, a maioria dos contratos fechou em baixa nesta terça. O contrato com vencimento em abril de 2017 recuou de 12,285% para 12,270%. O DI com vencimento em janeiro de 2018 caiu de 10,655% para 10,650%. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 teve queda de 10,240% para 10,220%.

O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e termômetro de risco, recuou pelo quinto dia. Nesta terça, a queda foi de 0,71%, para 215,592 pontos.

BOLSA

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, interrompeu sequência de cinco altas e caiu 0,38% nesta terça-feira, para 66.712 pontos. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 8,79 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 7,1 bilhões.

Após acumular ganhos de mais de 40% no ano, as ações da Vale devolveram parte da disparada do pregão anterior e fecharam em baixa de mais de 3%. Os papéis preferenciais da mineradora caíram 3,36%, para R$ 32,23. As ações ordinárias da empresa tiveram queda de 3,94%, para R$ 34,40.

As ações da Petrobras aproveitaram a alta dos preços do petróleo no exterior e emendaram a terceira sessão seguida de ganhos. Os papéis preferenciais da estatal subiram 1,28%, para R$ 15,82. As ações ordinárias tiveram avanço de 1,51%, para R$ 16,81

As ações da Gol subiram 2,95%, impulsionadas pela indicação de que o governo teria voltado a conversar com empresas estrangeiras para permitir uma maior participação dessas companhias no capital de aéreas brasileiras.

No setor financeiro, os papéis fecharam com sinais mistos. As ações do Itaú Unibanco subiram 0,33% e o Banco do Brasil teve avanço de 0,32%. Os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 0,61%, e os ordinários tiveram queda de 0,79%. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil recuaram 3,68%, após acumularem ganho de quase 14% em fevereiro.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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