Moody’s eleva para positiva perspectiva de nota de crédito do Brasil
A agência de classificação de risco Moody’s Ratings elevou a perspectiva do Brasil de “estável” para “positiva” nesta quarta-feira (1º), mas manteve as notas de crédito dos títulos de dívida do governo do Brasil, que estão em “Ba2” desde 2016.
Essa é a primeira mudança de classificação da agência para o Brasil desde 2018, quando ela elevou a perspectiva do país de “negativa” para “estável”.
Em relatório, a agência diz avaliar que as possibilidades para o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil são mais robustas do que antes da pandemia de Covid-19, citando as reformas estruturais que foram colocadas em prática de lá para cá nos últimos governos, o que reduz as incertezas em relação à direção futura das políticas públicas do país.
Entre as reformas, a Moody’s cita o arcabouço para a política monetária do país —como a lei que garante a autonomia do Banco Central—, a melhora da governança de empresas estatais com a aprovação de legislação que vai nessa direção, a digitalização financeira, a reforma trabalhista e a revisão do regime tributário.
“A mudança de perspectiva para positiva tem como base a avaliação da Moody’s de que um crescimento mais forte combinado com um progresso contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir que o peso da dívida do Brasil se estabilize”, diz o relatório.
A agência diz que o desempenho econômico dos últimos dois ano surpreendeu positivamente, em parte por fatores cíclicos, como os bons resultados do agronegócio em 2023, e afirmou que enxerga um crescimento mais pulverizado nos próximos anos, que abarca desde a indústria até o setor de serviços, devido ao fortalecimento do mercado de trabalho e ao aumento do salário mínimo.
A Moody’s, porém, ainda enxerga riscos fiscais, que colocam em dúvida a continuidade da organização das contas públicas pelo governo. Segundo a agência, esse fator levou sua equipe a manter inalterada a nota de classificação de risco para o crédito soberano do país.
“A afirmação do rating Ba2 está baseada na força fiscal ainda relativamente fraca do Brasil, dado o nível elevado de endividamento do país e sua fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques econômicos ou financeiros”, justifica.
A agência ponderou, por outro lado, que a resiliência do Brasil ao contrair dívida em moeda local e o mercado financeiro robusto brasileiro mitigam os riscos do país.