Dilma aposta em uma nova fórmula para ponte com PT

Dilma Rousseff vai apostar em uma nova fórmula para se aproximar do PT em seu segundo mandato. A presidente elegeu ao menos quatro nomes que contam com sua confiança e dispõem de força em setores importantes do partido para administrar a negociação de bandeiras históricas da esquerda que serão alçadas pela sigla ao centro do governo federal.

Integrantes da cúpula petista, porém, garantem que a relação do partido com o Palácio do Planalto será tensa nos próximos quatro anos.

Isso porque o PT precisa se reaproximar dos movimentos sociais e cobrará de Dilma medidas que, nos últimos anos, esbarraram na resistência do governo, como a desapropriação de terras para a reforma agrária, a regulação da mídia e a reforma política.

Segundo a Folha apurou, Dilma reconhece que sua reeleição passou pela capacidade de mobilização do PT e que, por isso, deve fazer algumas concessões à legenda.

De sua campanha, saíram fortalecidos para essa interlocução os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), além do governador da Bahia Jaques Wagner, que elegeu sucessor no Estado.

A presidente, por sua vez, nunca teve base própria dentro do PT. Filiou-se em 2000 e não fez parte de nenhuma instância deliberativa. Em seu primeiro mandato, contava com remanescentes do governo Lula, como o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para ter entrada mínima no partido.

A estratégia funcionou pouco e o ministro, com declarações muitas vezes consideradas “desastrosas” por integrantes do governo, saiu enfraquecido da campanha.

Foi então que Dilma resolveu mudar o método e montar sua própria equipe para fazer o contraponto às reivindicações partidárias.

Ainda antes do primeiro turno, o ex-presidente Lula admitiu a aliados que sua sucessora teria que fazer um segundo mandato de mais diálogo com o PT, e que o partido deveria se reaproximar dos ideais de esquerda –que fizeram parte de sua fundação, na década de 1980, mas foram deixados de lado no governo Dilma Rousseff.

ACENOS

A presidente entendeu que terá de acomodar tanto os acenos que pretende fazer ao mercado para melhorar a expectativa econômica como as concessões ao PT que virão ecoadas pela voz de Lula.

A reformulação do petismo é a aposta do ex-presidente para sua campanha em 2018 –Lula já afirmou a interlocutores que deve concorrer à Presidência mais uma vez.

Essa renovação, dizem aliados do ex-presidente, será o contraponto ao “PT da máquina eleitoral”, que saiu das eleições desgastado pela pecha da corrupção e marcado por derrotas principalmente no Sul e Sudeste.

Apesar de ter mantido 13 cadeiras no Senado em relação ao pleito de 2010, o PT perdeu uma das vagas de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, com a derrota de Eduardo Suplicy.

Na Câmara, baixou de 90 para 70 deputados federais, mas manteve um total de cinco governadores.

GOVERNABILIDADE

Aliados dizem que Lula saiu da eleição de 2014 fortalecido e que não buscará conflito com a sucessora. O ex-presidente quer capitanear a ideia de “novo PT” mas sabe que o sucesso de Dilma –e sua boa relação com o “velho PT”– serão peças fundamentais para construir sua governabilidade a partir de 2018.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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