Dia do Hemofílico chama a atenção para diagnóstico e tratamentos

Nesta quarta-feira, 4, foi dia de alertar a população brasileira acerca da importância do diagnóstico e do tratamento de uma doença rara, mas com registros em diversas regiões do país, a hemofilia. O Dia do Hemofílico, em 4 de janeiro, foi instituído no Brasil após a morte do escritor e cartunista brasileiro Henrique de Souza Filho, o Henfil, e dos seus irmãos, que possuíam a doença e que, por conta das transfusões de sangue – antes necessárias ao controle da patologia – acabaram por contrair o vírus HIV, em 1988.

A hemofilia é uma doença genética, de caráter hereditário, que se caracteriza pela dificuldade de coagulação do sangue, provocando sangramentos e hemorragias.

“Trata-se de uma deficiência do fator de coagulação 8, que corresponde à hemofilia tipo A, e do fator 9, a de tipo B”, afirma a doutora Jamile Souza Nicanor, do ambulatório da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba).

“Classificamos essa deficiência como leve, moderada ou grave, e o tratamento é feito com base nisso. Quando o fator 8 está abaixo de 1% na dosagem habitual de sangue, é considerado grave; entre 1% e 5%, é tido como moderada; e de 5% a 40% é considerada hemofilia leve”, explica a doutora que trabalha na instituição há 5 anos.

Por enquanto, o Hemoba é o único lugar do estado que presta atendimento aos 817 pacientes hemofílicos cadastrados. Porém, está sendo estudada a possibilidade de descentralizar essa assistência, através da construção de outra unidade hospitalar em Juazeiro.

Tratamento

Segundo o Hemoba, existem na Bahia 710 portadores da hemofilia tipo A, e 107 do tipo B, tendo em vista que a maioria desse total se encontra no interior (72,7%), enquanto apenas 223 hemofílicos residem na capital.

Atualmente o tratamento do paciente hemofílico é multiprofissional. “Quando o paciente chega aqui, diagnosticado com hemofilia, ele vai passar por assistente social, médico, psicólogo, fisioterapeuta, portanto, passa por uma equipe”, explica a enfermeira Bruna Rosa Resch. A instituição também conta com um dentista especializado em coagulação.

Além disso, a hemofilia é tratada com o uso de medicamentos específicos. “A gente trata a hemofilia visando a melhor qualidade de vida do paciente. Inicialmente, o tratamento se dava pela transfusão de sangue total (com todos os seus componentes), depois só de plasma – um derivado do sangue. Posteriormente, foi criado o Crioprecipitado – um composto mais específico”, conta a doutora Jamile Souza Nicanor.

“Passou a ser sintetizado o fator de coagulação específico plasmático. Agora já estamos numa nova era, que é a do fator recombinante, que não depende do sangue humano para ser feito”, diz.

O fator recombinante é produzido pelo próprio Ministério da Saúde, por meio da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras). Por enquanto, a maioria dos pacientes ainda utiliza o fator de coagulação específico, tendo em vista que a quantidade de fator recombinante não atende a toda a demanda do estado. “É caro, precisa de refrigeração e nem todos os pacientes têm. Estudamos a possibilidade de o paciente ter essa medicação em casa”, diz a enfermeira.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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