Dezembro tem maior inflação desde 2002 e IPCA fecha 2013 acima do esperado
A inflação em dezembro ficou em 0,92%, o maior índice para o mês desde 2002 (2,10%), quando o país vivia uma crise de confiança diante da disparada do dólar provocada pelas incertezas quanto à eleição daquele ano –vencida por Lula.
Considerando todos os meses, o índice é o mais elevado desde abril de 2003 (0,97%).
Esse resultado levou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, a fechar 2013 em 5,91% –abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%, mas acima do esperado pelo mercado, que previa alta entre 5,82% e 5,83%.
O índice anual também é maior do que os 5,84% de 2012, segundo dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira (10).
O dado frustra a meta informal do governo de entregar uma inflação mais baixa do que no ano passado. Durante todo o ano, autoridades tentaram reforçar o compromisso com o controle inflacionário e com a possibilidade de alcançar um nível inferior ao de 2012.
A promessa do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, era entregar a inflação deste ano abaixo da do ano passado.
Apesar da forte pressão ao longo do ano, especialmente de alimentos, a taxa perdeu força no segundo semestre e o governo evitou o estouro da meta. Em dezembro, contudo, o índice subiu mais que o esperado.
A meta é de 4,5%, com variação de dois pontos percentuais –ou seja, até 6,5%.
O resultado indica que 2014 não será um ano fácil para a equipe econômica, que convive com a necessidade de conter a inflação e seus efeitos na popularidade da presidente Dilma Rousseff em ano eleitoral.
SOB CONTROLE
Para o ministro da Fazenda em exercício, Dyogo de Oliveira, apesar de o IPCA ter fechado 2013 com alta acima do esperado, a inflação no Brasil está sob controle.
“Não há nenhum risco de descontrole”, disse o ministro em exercício, que ocupa o cargo temporariamente durante as férias de Guido Mantega.
No ano passado, o IPCA subiu 5,91%, acima da variação vista em 2012, frustrando as indicações do governo.
Segundo Oliveira, em 2014, a inflação continuará sob controle e governo manterá o esforço neste sentido.
GRUPOS
O grupo alimentação registrou alta de 8,48% no ano e foi um dos principais responsáveis pelo avanço do índice.
Outras categorias que mantiveram a inflação no rol das preocupações de mercado e governo, ao puxarem o IPCA para cima, foram despesas pessoais, com alta de 8,39%, e educação (7,94%).
O reajuste da gasolina nas refinarias da Petrobras foi integralmente repassado para o consumidor. O aumento nos postos foi de 4,04% em dezembro – a estatal reajustou o combustível em 4% no final de novembro, e o diesel, em 8%.
Apesar do aumento da gasolina no fim de 2013, o grupo transporte, o segundo de maior peso atrás de alimentação, avançou 3,29% diante do represamento dos reajustes dos combustíveis e dos preços em queda de veículos, graças ao IPI reduzido.
ENERGIA E ÔNIBUS
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE, a redução dos preços da energia elétrica, promovida pelo governo, e a retirada de aumentos de ônibus foram “importantes para conter a inflação em 2013”.
A energia teve queda de 15,66%, com um impacto negativo de 0,52 ponto percentual. Já os ônibus aumentaram apenas 0,02%, num patamar inferior ao de 2012 (5,26%) em razão do adiamento dos reajustes após a onda de protestos.
Os dois itens têm peso relevante no IPCA. Não fosse a ação do governo, portanto, a meta deste ano estaria comprometida.
Nunes dos Santos diz, porém, que o choque de preços da alimentação teve peso também importante para a inflação de 2013.
Com Reuters
GRUPO | VARIAÇÃO 2012 (em %) | VARIAÇÃO 2013 (em %) |
---|---|---|
IPCA | 5,84 | 5,91 |
Alimentação e bebidas | 9,86 | 8,48 |
Habitação | 6,79 | 3,40 |
Artigos de residência | 0,84 | 7,12 |
Vestuário | 5,79 | 5,38 |
Transportes | 0,48 | 3,29 |
Saúde e cuidados pessoais | 5,95 | 6,95 |
Despesas pessoais | 10,17 | 8,39 |
Educação | 7,78 | 7,94 |
Comunicação | 0,77 | 1,50 |
Fonte: IBGE