Desmatamento na Amazônia diminui chuvas no Sudeste

Para quem mora na região Sudeste, o desmatamento na floresta amazônica pode parecer um problema localizado, com consequências somente para quem vive por lá. Se essa também é a sua visão, talvez seja hora de mudá-la, pois cada metro quadrado de árvores derrubadas na Amazônia significa um pouco menos de chuva que cai em sua cidade.

Além de ser responsável pela produção de oxigênio e retirada das partículas de carbono do ar, as árvores da floresta também têm um papel importante na formação das chuvas em nosso país.

“Em uma escala global, existem, no hemisfério norte, os ventos alísios, que sopram da península Ibérica (Portugal e Espanha) em direção ao Brasil e pegam toda a umidade do oceano Atlântico. Eles entram pelo Maranhão e vão avançando até a Amazônia, fazendo chover intensamente na floresta”, explica David Zee, professor de impactos ambientais em ecossistemas costeiros da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Essa água de chuva é absorvida pelas árvores e, pela evapotranspiração (“transpiração” das plantas), forma os chamados “rios voadores” – massas de pequenas partículas de água que viajam por um curso determinado pela atmosfera terrestre. Esses rios, que saem da Amazônia, chegam até o Sudeste.

“No Brasil, há cinco massas de ar que influenciam nosso clima. Uma delas, a Massa Equatorial Continental (MEC), se forma na Amazônia e é quente e úmida”, explica a geógrafa Bianca Medeiros, que é assistente de pesquisa do Centro de Direito e Meio Ambiente (CDMA) da FGV Direito Rio. A MEC é quem leva os rios voadores formados na floresta até os Estados do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul do Brasil, fazendo chover em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, por exemplo.

Minguado

O que está acontecendo atualmente é que toda a borda sul da floresta amazônica está sendo derrubada. Segundo o instituto de pesquisa Imazon, em janeiro deste ano o desmatamento totalizava 107 quilômetros quadrados. No mesmo mês de 2013, o número estava em 35 quilômetros quadrados – representando um aumento de 206% neste ano.

A consequência natural é uma interrupção no ciclo natural da água. Como não há evapotranspiração de árvores na borda sul da floresta, os rios voadores não são alimentados ali. Isso diminui o volume de chuvas que irão chegar até os Estados do Sudeste e Sul do país – ou seja, menos chuva na sua cidade.

“Quando não tem mais árvore, a chuva cai no solo e vai para os rios terrestres que seguem em direção ao Sul do país. A chuva chega a lugares que os rios não alcançam”, aponta o professor Zee. O resultado final são as situações de crise hídrica que estamos vivendo.

Indústria

Contribuição

A Zona Franca de Manaus é uma importante medida de preservação: as pessoas encontram trabalho na indústria e não precisam recorrer a atividades predatórias na região.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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