Desligamento de térmicas no NE deve gerar economia de R$ 100 mi ao mês
O desligamento de cerca da metade das térmicas a óleo e diesel do Nordeste acarretará uma economia em torno de R$ 100 milhões por mês, estima o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp. Ele confirmou que poderá reduzir a oferta de energia térmica para a região nos próximos dez dias, conforme antecipou a Folha.
As térmicas mais caras continuam ligadas no Nordeste por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas da região. No Sudeste/Centro-Oeste e no Sul continuam operando apenas as térmicas a gás natural.
“Poderia ser o dobro [de economia] se desligasse tudo, mas estamos aguardando as chuvas, as perspectivas são favoráveis”, disse Chipp em entrevista à Folha.
O uso contínuo das usinas térmicas encarece a conta de luz, à medida que a energia gerada é mais cara do que a das hidrelétricas, que utilizam água como combustível sem nenhum custo. Já as térmicas pagam pelo carvão, diesel, óleo, gás natural, entre outras fontes de geração de energia utilizadas.
Apesar do nível dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste continuarem abaixo da média (23% contra uma meta de 35%), Chipp avalia que será possível retirar do sistema pelo menos as térmicas mais caras, movidas a óleo combustível e diesel, deixando por segurança as térmicas a gás natural ligadas.
O mesmo acontecerá ao longo de 2014, explicou, quando a previsão é de que a maior parte das usinas térmicas a gás fiquem ligadas em todas as regiões para garantir a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
“A maior parte do ano sim, as térmicas ficarão ligadas. Pode variar um pouco, pela sazonalidade, com mais água no período úmido [novembro a abril] e um pouco menos de térmica. No período seco [maio a outubro], um pouco mais de térmicas, mas sempre despachando a de menor custo”, explicou.
A redução do custo para o consumidor é uma das maiores preocupações do governo, que teme o aumento da inflação, principalmente em ano eleitoral.
Apesar do intenso uso das térmicas este ano, a inflação não será afetada imediatamente, depois que o governo permitiu a diluição do impacto da conta de 2013 nos próximos cinco anos.
Chipp prevê no entanto que o uso de térmicas será menor em 2014 do que em 2013, já que por um novo sistema implantado este ano pelo ONS, apenas em situações especiais as térmicas mais caras serão ligadas.
Por causa da falta de chuvas durante o período úmido em 2012, que obrigou o governo a ligar todas as térmicas do país para evitar um racionamento este ano, o ONS mudou o sistema de acionamento das térmicas. Antes as térmicas eram “despachadas” (ligadas) por ordem de mérito, ou seja, pelo menor preço, para complementar o abastecimento do sistema. Agora essas unidades fazem parte constante da formação do preço da energia e são incluídas no custo do mercado à vista de energia.
“Eventualmente, só em situações super excepcionais é que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico vai recomendar despacho de térmica complementar, vai depender da hidrologia”, explicou.
COPA
Um das situações excepcionais poderá ser a Copa do Mundo, lembra Chipp, que será realizada em pleno período seco, entre junho e julho do ano que vem.
O ONS já obteve autorização prévia para ligar térmicas no caso de necessidade de abastecimento nas 12 cidades sede da Copa.
A maior preocupação são as cidades do Nordeste (Salvador, Recife, Natal, Fortaleza) e Manaus, que este ano foi incorporada ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Antes, a energia de Manaus era abastecida por usinas térmicas que não estavam ligadas ao SIN, o chamado “sistema isolado”.
“Em Manaus, por exemplo, o sistema antigo vai ficar pronto para ser acionado se necessário. Estamos criando redundâncias em todas as cidades sede”, explicou.
Dentro dos estádios, a própria Fifa, organizadora dos jogos, instala geradores para eventuais apagões.
Desde 2012 foram criados grupos para acompanhar o reforço do sistema elétrico nas cidades-sede da Copa, criando alternativas para o caso do sistema falhar, como acionar uma outro estação se a que costuma transmitir a energia cair.
Outro plano é reduzir a carga nos principais sistemas de linhas de transmissão de energia, visando minimizar os riscos de queda de fornecimento por sobrecarga.
“Você nunca pode garantir cem por cento, porque tem fenômenos da natureza [vendavais, queimadas] que estão fora do seu alcance, mas estamos trabalhando para que havendo problemas, não ocorra interrupção”, afirmou.
Fonte: Folha de São Paulo