Descaso do governo Rui Costa: salas da Biblioteca dos Barris estão sem ar condicionado e assinaturas de jornais não foram renovadas – Maurílio Fontes
Quem transita em Salvador vê muitas obras de mobilidade urbana, inegavelmente importantes e capazes de melhorar o tráfego, algo reivindicado pelos soteropolitanos e por pessoas que visitam a nossa capital.
Nesta área, o governo do estado faz sua parte.
Mas algo quase invisível para a grande massa populacional da Bahia está largado, secundarizado e sem qualquer tipo de apoio: a Biblioteca Pública do Estado da Bahia, mais conhecida como Biblioteca dos Barris, é caso típico do abandono da memória baiana.
Hoje pela manhã, com objetivo de fazer pesquisa sobre o governo Antônio Balbino, estive na biblioteca e me deparei com o caos: salas do primeiro andar estão sem o sistema de ar condicionado, que não funciona há um ano; os jornais baianos e nacionais, que atraíam centenas de leitores diariamente, não estão mais disponíveis porque as assinaturas não foram renovadas.
E mais: o espaço onde revistas, jornais antigos e diversos tipos de publicações estão guardados também não tem ar condicionado; a limpeza das instalações da biblioteca não está sendo realizada; a xerox terceirizada não funciona e a direção da instituição abriu precedente ao conceder cinco cópias por pessoa (eu precisava da cópia do discurso do então governador Antônio Balbino, proferido na Assembleia Legislativa em 7 de abril de 1956 (59 páginas), e não a obtive); funcionários contratados foram dispensados após o vencimento de seus vínculos precários.
É impossível demorar mais de 15 minutos na sala de pesquisa (foto acima), que hoje pela manhã (mais ou menos às 9h30) estava completamente vazia.
O calor é insuportável e não permite concentração para a realização de qualquer pesquisa.
A preservação da memória deveria ser tão importante quanto o metrô e as obras de mobilidade urbana.
Investimentos em ações que garantam o acesso de pesquisadores e estudantes às publicações da Biblioteca dos Barris não têm sido prioridade para as administrações estaduais.
A realidade atual, como foi constatada hoje, é de descaso e falta de climatização para a preservação das publicações.
O acervo já deveria ter sido digitalizado, o que permitiria acessá-lo de qualquer lugar do planeta.
Aparentemente, isso está muito distante.
A velha desculpa virá sempre à tona: não existem recursos.
A memória baiana e os vultos de nossa história clamam por mais respeito.
Maurílio Fontes é editor do site Alagoinhas Hoje
Foto fachada da Biblioteca Pública: www.apontador.com
Fotos Biblioteca Pública (áreas internas): Alagoinhas Hoje