Cresce a procura por consertos em oficinas mecânicas

Com as quedas de mais de 20% no número de carros novos vendidos em todo a Bahia, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e a crise financeira que vem assolando as famílias, as impedindo de correr atrás do sonho de adquirir um veículo zero quilômetro, muitos são que estão apostando, neste momento, em fazer um maior número de manutenções para manter o carro usado rodando por mais tempo.

Por conta disso, mesmo com a queda nas vendas de 11,2% do setor de autopeças e acessórios na Região Metropolitana de Salvador, comparando os meses de junho deste ano e de 2014, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomercio-BA), o aumento na procura pelas oficinas por parte de donos de veículos vem crescendo nos últimos meses.

De acordo com Marcelo Machado, diretor da empresa Machado Oliveira, que fica na Vasco da Gama e trabalha com serviços e acessórios para carros, foi registrado um aumento de 10% na procura em relação ao ano passado. No entanto, ele revelou que a maioria dos clientes só o procura para fazer a chamada revisão corretiva, quando há um problema específico em determinada peça do veículo.

“Normalmente eles só vem resolver quando a situação está ocorrendo. Muitas vezes, fazemos um orçamento destacando o que deve ser trocado, mas alguns só fazem o mínimo possível, já que não teriam condições de arcar com uma maior mexida”, contou. Na oficina, os principais problemas que chegam até ele estão relacionados ao alinhamento, balanceamento, pneus, troca de óleo e pastilhas de freio.
Ele acredita que uma mudança de mentalidade por parte do condutor seria necessária, principalmente considerando que as manutenções preventivas ajudariam, mais adiante, a conter acidentes, aumentar a segurança e a economia. Na oficina dele, a revisão básica está entre R$ 300 e R$ 500, podendo chegar, a depender da situação do carro, até R$ 1 mil. “Vai depender do tipo do veículo, da quilometragem e do desgaste que algumas peças normalmente sofrem”, disse.

Já nas oficinas da rede Mary Rei, o aumento foi ainda maior, de 40%, segundo o gerente de uma das lojas, Lenivaldo Costa. No local, geralmente chegam situações como a necessidade da troca da caixa de direção, do quadro de suspensão e dos amortecedores. A manutenção preventiva custa em torno de R$ 260 e leva em conta o alinhamento, o balanceamento, os freios e o arrefecimento do motor. “Mas infelizmente muitos só vem fazer o serviço quando, de fato, precisam. Ou, quando vem antes, não querem que tudo seja feito, deixando algumas trocas para depois.

ATENÇÃO
Já aqueles que têm apostado nas manutenções preventivas garantem que estão fazendo uma economia maior e não vêem a necessidade de fazer a troca de um carro usado por um novo. É o caso do representante comercial, Felipe Santoro, que tem uma caminhonete ano 2008, com 114 mil quilômetros rodados. Se fosse vender o carro, de acordo com a tabela FIPE, conseguiria algo em torno de R$ 37 mil.

Atualmente, no entanto, um veículo de estilo semelhante chega a custar R$ 75 mil. Um pouco mais que o dobro. “Acho que não vale a pena e, por isso, sempre tenho buscado carros usados que estejam em boas condições e que, pra mim, fica melhor do que adquirir um carro zero, principalmente se levar em conta a manutenção que tenho na oficina comparando com a concessionária, o seguro, dentre outros”, falou Santoro.

Na oficina da Vasco da Gama, ele aproveitou para, além de trocar o óleo, trocar o batente do amortecedor, componente que faz parte do sistema de suspensão do veículo. Segundo ele, ao todo, o total gasto foi de quase R$ 500, levando em conta as peças. Se ele fosse fazer o mesmo serviço, com um carro novo, o custo seria mais que quatro vezes maior, ultrapassando os R$ 2 mil em uma autorizada. “Eu nunca fui muito preocupado com manutenção, mas depois que passei a praticar alguns ralis off road eu passei a me atentar mais para isso, já que uso o carro também em condições extremas”, acrescentou.

Especialista alerta que a prevenção pode evitar acidentes

De acordo com Eduardo Mufarej, coordenador do Grupo de Manutenção Automotiva (GMA), a falta de manutenção nos veículos pode trazer conseqüências ruins para o trânsito. Para ele, como não há fiscalização de itens de segurança para verificação do estado de feios, pneus, amortecedores, entre outros itens, não é possível saber se os mais de 41 milhões de veículos que rodam pelo País, segundo levantamento da frota circulante do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), estão em boas condições.

“A inspeção técnica veicular é uma medida importante para a segurança no trânsito. Implantada em mais de 50 países, conseguiu reduzir os índices de acidentes. Por aqui, o projeto de lei sobre o assunto está parado no Congresso Nacional há mais de uma década. Enquanto isso, nos deparamos, todos os dias, com notícias de acidentes que provocam mortes. O Brasil, infelizmente, possui um alto índice de acidentes de trânsito. Boa parte poderia ser evitada se os veículos estivessem com a manutenção em dia”, comentou.

Por conta da situação, Mufarej explica que cabe ao motorista ter a consciência da importância de cuidar do carro de forma preventiva, seguindo as recomendações do manual do fabricante. “Veículos com peças relacionadas ao sistema de freio, suspensão e pneus que apresentam desgastes estão mais sujeitos a acidentes, pois se for necessário acioná-los, não terão a eficiência necessária”, finalizou.

Fonte: tb

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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