Com time veterano, PT se arma para defender governo na CPI da Petrobras

Além de levar para o debate da nova CPI da Petrobras o período que antecede 2005, o PT deverá impor à comissão a mesma filosofia que inaugurou na última semana no Congresso, não deixar nada sem resposta. Se a oposição tem sido mais enérgica e combativa desde a derrota eleitoral, o PT sente que está cada vez mais isolado e aposta num novo ímpeto para enfrentar os adversários na nova CPI. Nessa linha, o líder da bancada, deputado Sibá Machado (AC), afirma que a escolha dos indicados do partido para participar da comissão já leva isso em consideração.

“Vamos aproveitar aqueles que já participaram de CPIs. Claro que temos uma bancada nova com deputados novos que podem participar, mas nosso carro-chefe será composto por aqueles que já atuaram em CPIs no passado”, disse Machado. Perguntado se critérios midiáticos também teriam peso na escolha, ele afirmou que dependerá da oposição. “Só será midiático se esse for o comportamento da oposição. Se for para ficar fazendo barulho, vamos fazer barulho”, completou o líder petista.

Entre os principais partidos, além do PT, PMDB e DEM ainda não indicaram seus membros para compor a CPI. Nesta terça-feira, o PTB indicou Arnaldo Faria de Sá (SP) sendo o oitavo partido a definir sua participação na CPI da Petrobras que funcionará na Câmara. O PMDB condiciona suas indicações à escolha do novo líder da bancada, tema que tem sido pano de fundo para uma acalorada disputa interna e que será definida nesta quarta-feira. Como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já assegurou que não fará indicações a revelia até que termine o carnaval, é provável que essas indicações de PMDB e DEM fiquem mesmo para esse período. Machado confirmou que só fará as indicações do PT depois do feriado.

Enquanto procura azeitar as relações do Planalto com sua base na Câmara, o novo líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), deixa claro que, apesar do escopo da CPI proposta pela oposição determinar investigações somente a partir de 2005, durante os debates o período anterior será discutido. “Vamos desmascarar tudo. Não pode ter investigação e divulgação de forma seletiva. Queremos apurar tudo desde 1997. Se o termo de delação serve para um por que não serve para todos? Portanto, a CPI será um instrumento importante para esclarecermos esses fatos”, afirmou Guimarães.

Escalado pelo PSDB para integrar a CPI da Petrobras, o deputado Bruno Covas (SP) classificou o argumento petista como “enrolação”. “Eles estão no poder há 12 anos. É uma questão de enrolação. Além disso, eles poderiam ter pedido uma CPI para investigar (o que desejassem)”, disse. Perguntado a respeito do desejo do governo em debater o período anterior a 2005, Covas afirmou que isso poderia desviar o foco da comissão. “O problema é que a CPI tem um objetivo, se você começa a enfiar inúmeros outros assuntos, não se discute o objeto da CPI. Mas eles podem propor outra CPI, sem problemas”, afirmou o tucano.

O líder do governo cobrou “condições iguais de apuração para todos”. “Vamos fazer o debate para saber quem é que tem mais compromisso com o combate à corrupção. Se foi o governo anterior ou se foi o nosso, quais as medidas que o governo vem tomando para enfrentar essa questão, porque não deixa nada para debaixo do tapete, portanto, vamos atuar com o máximo rigor, de forma republicana, doa em quem doer”, declarou o líder governista.

Interesses internacionais
Se o PT pretende, portanto, questionar o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho sobre os desvios da era Fernando Henrique Cardoso, o PSDB diz também querer convocá-lo nesta nova comissão. “A necessidade de criação dessa nova CPI da Petrobras é a confirmação de que a última foi interrompida por uma ação do governo”, criticou Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara.

Sampaio confirma que Barusco Filho está na lista de interesse do PSDB para falar sobre os desvios na Petrobras. “É a resposta que ainda não foi dada. Muita investigação, muitos cruzamentos de dados ainda não foram feitos. É preciso completar esse ciclo. Até no que tange ao envolvimento de parlamentares”, disse o tucano.

O líder do PT na Casa questiona a existência da nova CPI. “Na CPI passada, nenhum parlamentar trouxe nenhum fato novo. Todos os requerimentos tinham como base o que a imprensa divulgava e o que a imprensa divulgava era baseado no trabalho do Ministério Público e da Justiça, portanto, a invetigação foi nula, zero. O que se viu foi uma disputa em torno de uma campanha eleitoral. Então esperamos que se essa nova CPI for para trabalhar direitinho que se esqueça a motivação política senão não se apura. Se for para fazer somente na motivação política, essa CPI tende a morrer igual à outra, sem fazer absolutamente nada”, criticou Machado.

Machado sugere que, por trás da CPI da Petrobras, existe uma cadeia de eventos internacionais que tem por objetivo controlar as riquezas de petróleo de diferentes países. “Qual é nossa desconfiança. É de que, no afã de dizer que está investigando roubo na Petrobras, a verdadeira questão seja destruir a Petrobras e entregar o Pré-Sal a interesses estrangeiros no nosso pais”, declarou o petista.

“O que fizeram com Saddam Hussein com o (Muammar al-)Gaddafi, que os mataram dizendo que tinham armas (de destrição em massa) e não tinham, ficou provado pela ONU, e o que queriam mesmo era se apossar das riquezas de petróleo do Iraque e da Líbia. E agora um achaque em cima da Venezuela para tomar o petróleo da Venezuela, uma guerra insana contra a Rússia para quebrar o acordo ca Rússia com outros blocos econômicos. O jogo é bruto. Não é jogo de babacas. O jogo é bruto e o Brasil tem de acordar para isso”, disse ele, reforçando que defende que as investigações sobre a Petrobras sejam conduzidas pela Polícia Federal e pela Justiça e não por uma CPI.

 Fonte: iG

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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