Com novo líder, Dilma age para conter críticas do PT ao governo
Ao indicar o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE) como novo líder do governo na Câmara, a presidente Dilma Rousseff não só tenta minimizar o os atritos com o novo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como age para acalmar a resistência dentro de seu próprio partido ao governo. Muito antes de confirmada a eleição de Cunha, o governo já trabalhava com o nome de Guimarães como chave para manter sob controle a irritação da bancada petista, intensificada nos últimos meses pela montagem do novo ministério.
Guimarães é irmão de José Genoino e teve, em 2005, um assessor preso no aeroporto com dólares na cueca. Ele é hoje um dos principais expoentes do grupo Construindo um Novo Brasil (CNB) na Câmara. Cresceu em poder e capacidade de articulação justamente no vácuo deixado pela prisão de seu irmão e de outro líder petista no Congresso e réu no mensalão, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP).
Logo depois da posse de Dilma, na virada do ano, Guimarães foi chamado ao gabinete do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ouviu do ministro que a indicação para a liderança do governo estava praticamente certa, já que o Planalto antevia a necessidade de acalmar a ala majoritária do PT, mais especificamente a CNB. O grupo foi removido de cargos que considerava estratégicos na reforma ministerial, como a Secretaria de Relações Institucionais e a Secretaria-Geral da Presidência.
O grupo ameaçava subir o tom contra o governo justamente no fim desta semana. É quando está prevista a próxima reunião do diretório nacional do partido, em Minas Gerais. Por dar as cartas no partido, a CNB tem poder para evitar a aprovação de resoluções mais duras no partido da presidente. E a expectativa, na reunião, é que grupos mais à esquerda da legenda proponham justamente que sejam feitas críticas públicas às primeiras medidas do ajuste fiscal anunciado pelo governo.
Fonte: Poder Online – iG