Com greve da PM, lojas são saqueadas, comércio fecha e falta ônibus em Salvador
Lojas do comércio do centro e da periferia de Salvador saqueadas, grandes redes de eletrodomésticos e supermercados arrombados, frota reduzida de ônibus nas ruas e escolas e faculdades sem aulas.
A decisão da Polícia Militar da Bahia, que decidiu na noite de terça (15) entrar em greve por tempo indeterminado, mudou a rotina da da população na manhã desta quarta-feira (16). O governado Jaques Wagner (PT) pediu a ajuda do Exército para contornar a situação,
O pequeno comércio também foi alvo dos bandidos. A Folha identificou duas lojas na região central do comércio que foram saqueadas.
Na avenida Miguel Calmon, uma das mais movimentadas do centro antigo de Salvador, um estabelecimento da operadora de telefonia celular Claro foi arrombada. O mesmo aconteceu com uma loja de videogames da região, que foi saqueada e destruída na madrugada desta quarta.
O proprietário da loja, que não quis se identificar, lamentou os prejuízos e diz que cogita fechar definitivamente estabelecimento, que não tinha seguro.
Entre 5h de terça-feira (15) e 5h de hoje, a Secretaria de Segurança Pública registrou quatro homicídios, dez veículos roubados e um furtado na Região Metropolitana de Salvador.
A assessoria de comunicação do órgão informou que não há dados precisos sobre saques e arrombamentos, pois os funcionários da Polícia Civil –órgão responsável pela organização dos dados– estão com as atividades paralisadas nesta quarta.
Lucio Tavora/Ag. A Tarde/Folhapress | ||
Loja é saqueada durante greve de PMs em Salvador; comércio fechou as portas |
SEGURANÇA PRIVADA REFORÇADA
Além dos saques, o comércio da capital baiana teve casos também de lojas que fecharam as portas com medo de assaltos. Isso ocorreu com a maior parte dos comerciantes do centro de Salvador.
O Shopping Lapa, um dos principais centros comerciais da região, preparou um forte esquema de segurança privado. O estabelecimento fechou seus portões para controlar o acesso do público.
Escolas e faculdades liberaram os alunos das aulas. A rodada da Copa do Brasil também pode ser comprometida: a realização da partida entre Vitória e J. Malucellli, prevista para acontecer na noite desta quarta no estádio de Pituaçu, não foi confirmada.
TRANSPORTE COLETIVO
A maior parte da frota de ônibus da capital baiana também não circulou na manhã de hoje, deixando os pontos de ônibus lotados de passageiros. Vans ilegais e mototaxistas supriam a demanda por transporte.
Os estudantes Ruy Peterson e Felipe Santos, ambos de 16 anos, chegaram às 6h num ponto de ônibus no bairro de Plataforma, Subúrbio Ferroviário, e esperaram duas horas até conseguirem embarcar.
Ao chegarem ao bairro da Mouraria, centro de Salvador, por volta das 9h, a escola técnica onde estudam estava fechada. “Foi viagem perdida. Devíamos ter ficado em casa”, disse Felipe.
O vendedor de peixe Gilson Santana, 40, que foi ao centro comprar mercadorias, estava havia uma hora no ponto de ônibus sem conseguir voltar para casa.
Mas diz considerar justa a mobilização dos policiais: “A gente se sente inseguro, mas acho que eles estão no direito deles porque ganham muito pouco”.
A Bahia tem um histórico de complicações com paralisações de polícias desde a década passada. Duas delas foram em 2001, quando a greve parou Salvador, e 2012, com 12 dias de paralisação e o registro de mais de uma centena de homicídios no período.
Fonte: Folha de São Paulo