Com disputa eleitoral, empresários seguram decisões sobre investimentos

Sem segurança para prever qual é o cenário econômico que emergirá das urnas neste domingo, as empresas estão represando o planejamento que normalmente acontece nesta época do ano.

Em meio a uma das disputas mais acirradas da história recente, estão adiando ou antecipando decisões que dependam do futuro governo, seja em relação à política econômica, seja em relação a negócios que envolvem órgãos púbicos (veja quadro acima).

No primeiro ponto, as preocupações abrangem inflação, taxa de juros e câmbio.

Prever custos, principalmente reajuste salarial, é das tarefas mais difíceis no momento, opinião que impera entre os empresários ou principais executivos de 25 companhias ouvidos pela Folha.

Editoria de Arte/Folhapress

Existe em geral a expectativa de que um governo tucano permita reajustes nas tarifas, o que teria impacto sobre os preços, mas, ao mesmo tempo, tenha mais disposição para controlar a inflação com alta de juros.

De qualquer forma, todos os consultados esperam que os próximos anos sejam duros, independentemente do eleito. Por isso, fazem planos conservadores para 2015, tanto para investimentos quanto para captação de recursos.

A incerteza cresce quando se parte para planos de mais longo prazo, como os de cinco anos -já que, para analistas, a recuperação da atividade econômica virá mais cedo e mais forte se houver mudanças na condução da política econômica.

No segundo ponto, o da formação do novo governo, empresas que dependem de programas públicos (licitações, parcerias), programas sociais (habitação popular) ou do comportamento dos bancos públicos põem na balança o fato de que, se houver mudança de governo, haverá uma espécie de “pausa para a troca de guarda”.

Por isso, algumas tentam se antecipar e fazer um “colchão” de aprovação de negócios ainda neste ano, que lhes garanta navegar com mais tranquilidade pelo primeiro semestre de 2015, até que as novas equipes assumam e o ritmo volte ao normal.

MUDA OU NÃO MUDA

Um executivo do setor agroindustrial diz que as empresas vão demorar mais para tomar decisões sobre investimento se Dilma for eleita. Como a presidente tem falado em “novo governo, novas ideias”, diz ele, será preciso esperar as mudanças e entender se são mesmo para valer. Para ele, não bastará nomear o ministro da Fazenda ou um eventual novo presidente do Banco Central. “A indústria precisará entender quem é Dilma 2.0. Anúncio de curto prazo pode mudar a confiança do consumidor, mas não do empresário.”

Para um empresário do setor de higiene e beleza, as urnas podem impactar fusões, aquisições e IPOs, que estão represados. Uma vitória de Aécio poderia reaquecê-los mais rapidamente, porque a previsibilidade no ambiente de negócios seria maior.

Mas, como o investidor global toma decisões comparando países, o fato de ativos no Brasil estarem relativamente baratos pode incentivar tais negócios também sob um segundo mandato de Dilma.

No setor de alimentos, uma empresária pretende adiar a compra de maquinário e decisões sobre equipe até que o eventual eleito deixe clara a sua política econômica.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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