Campos faz maratona para encontros com investidores em SP
No vácuo da insatisfação de banqueiros e empresários com a presidente Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está se desdobrando na tentativa de fazer novos amigos e ganhar credibilidade junto ao empresariado paulista.
Provável candidato do PSB à Presidência no ano que vem, ele passou o dia ontem em São Paulo, onde tomou café da manhã, almoçou, fez o lanche da tarde e jantou com banqueiros e empresários.
Diante de um público que reclama do tamanho dos gastos e da falta de rumo do governo, Campos apresentou um discurso sob medida. Disse que o governo precisa aplicar melhor os recursos que tem, falou em meritocracia no serviço público e mostrou entusiasmo por parcerias com o setor privado para os investimentos em infraestrutura.
O governador cutucou Dilma algumas vezes nas reuniões com banqueiros e investidores. “Ele disse que a presidente tem mania de querer taxar o lucro, mas não quer ser responsável se houver prejuízo. Disse também que dá para governar com metade dos ministérios que existem hoje”, disse à Folha um participante de dois encontros.
“Eduardo Campos está claramente tentando se apresentar como um político confiável aos olhos do mercado, e ocupar um espaço que a presidente Dilma deixou para trás”, disse um banqueiro que esteve recentemente com o governador de Pernambuco.
A maratona de encontros de Campos começou ontem num café da manhã com empresários da Sociedade Rural Brasileira. Depois, ele almoçou com executivos e convidados do Banco Pine e deu uma palestra para clientes do banco Credit Suisse.
À noite, ele tinha um jantar marcado na casa do banqueiro José Berenguer, do JP Morgan, para encontrar presidentes de bancos estrangeiros com operações no Brasil.
Essa foi a segunda vez que o governador esteve em São Paulo para encontros com empresários. De acordo com seus assessores, suas despesas foram pagas pelo PSB.
Na semana passada, Campos teve um primeiro encontro com o setor financeiro, na associação que representa os bancos de pequeno e médio porte. Mas sua principal missão foi encarar as lideranças do agronegócio, na tentativa de desfazer o mal estar em relação a sua nova aliada, a ex-senadora Marina Silva, vista como uma inimiga pelo setor.
A própria Marina tem se movimentado para atenuar a resistência do empresariado a seu nome. Na semana passada, ela teve um café da manhã na sede do banco Itaú BBA com empresários como Carlos Pires, um dos donos da construtora Camargo Correa, Fábio Ermirio de Moraes, do grupo Votorantim.
Fonte: Folha de São Paulo