Campeonato de tiro reúne policiais em Salvador

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Na silenciosa Via Periférica II, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), um barulho bem característico ressoa com frequência. “Direto eu escuto os barulhos de tiro por aí, mas não sei bem onde fica a entrada”, dizia o vigilante de uma das fábricas do Complexo Industrial Aratu (CIA), sobre a sede esportiva da Associação Baiana de Tiro (ABT).

De fato, por medidas de segurança, mesmo com as pistas do som dos tiros, não é tão simples chegar lá. Na manhã deste sábado (07), muito do barulho era devido à segunda etapa do campeonato de tiro IPSC – a modalidade conhecida como “tiro prático” – da ABT. Cerca de 50 associados da entidade participaram do evento, cujo resultado deve ser divulgado na segunda-feira (09).

A prova contou com seis “pistas”, que são, na verdade, sequências de até 32 tiros, com diferentes tipos de alvo e obstáculos. Cada pista, por sua vez, tinha sua complexidade própria., a ser enfrentada com uma pistola semiautomática “Vence quem fizer o maior número de pontos na menor quantidade de tempo”, explica o fundador e primeiro sócio da ABT, Álvaro Castro, 74 anos, que é oficial do Exército na reserva.

“Esse tipo de tiro de hoje se assemelha muito à atividade policial. É um treinamento excelente que, às vezes, o policial não tem nem na própria unidade, mas tem aqui”. E, de fato, entre engenheiros, médicos, advogados e administradores de empresa, estão também policiais que se interessaram pelo tiro esportivo como hobby e até como competição profissional. “Para o pessoal que é militar, é muito de unir o prazer do esporte à função dele, porque é diferente. No trabalho, ele é psicólogo, é juiz… Aqui, os alvos são estáticos, o intuito é puramente esportivo”, completa.

Habilidade no trabalho

Os policiais, inclusive, se destacam também em competições profissionais nas diferentes modalidades de tiro. É o caso do major César Castro, comandante da Rondesp BTS (Baía de Todos os Santos), que é o segundo lugar no ranking nacional de tiro prático e já conquistou 14 títulos brasileiros. Para ele, as habilidades no esporte ajudam na rotina de trabalho.

“As pessoas querem associar o tiro com violência, porque é um esporte que usa um instrumento que pode matar, mas não é nada disso. Meu pai sempre educou os filhos para o manuseio seguro, cuidadoso. O tiro esportivo é hobby, é relaxante. É um dos esportes de tratamento antiestresse, porque 90% dele é mente, concentração. O tiro policial não pode ser inconsequente, tem que analisar se é mesmo necessário”.

Subcomandante da Rondesp BTS, o capitão Valdino Sacramento, 41, é campeão baiano na 1ª etapa da modalidade Production. “Descobri o tiro esportivo quando ainda era aluno (da academia da PM). Considero que seja o maior tipo de treinamento para o policial, porque desenvolve a velocidade e aperfeiçoa a técnica. O tiro não é violência, é um esporte. E, no tiro policial, a gente vai ter mais tranquilidade e perceber que só deve atirar quando há necessidade”, diz ele, que está há 22 anos na PM.

O policial federal Mário Augusto Filho, 40, também compara o treinamento ‘oficial’ com a habilidade que o esporte proporciona. Quando começou na modalidade, em 2004, tinha acabado de ser transferido para Salvador e buscava uma reciclagem. Na época, a Polícia Federal ainda não oferecia o hoje chamado “treinamento continuado”. Até que, em 2006, ele se tornou instrutor de tiro da corporação e, no ano seguinte, o treinamento continuado foi instituído oficialmente. “Lá é muito bom, mas ainda tem situações que são mais bem trabalhadas aqui”.

Entre as mulheres – ou damas, como são chamadas as atiradoras – um dos destaques é a estudante Caroline Leão, 21. Treinando há pouco mais de um ano, já é a campeã brasileira na categoria calibre maior de 50 metros. Ela usa um rifle para competir, mas, vez ou outra, tenta o tiro prático nas horas livres. “Meu tio já atirava e, quando vim morar em Salvador para estudar, tive a oportunidade de treinar. Recomendo para todo mundo. É um esporte que tem que ser praticado para ter reconhecimento”.

Fundada em 1981, a ABT tem, hoje, cerca de 150 associados. Para participar das atividades, é preciso fazer parte da entidade – e, para isso, também por segurança, é preciso ser indicado por um sócio já ativo.

Fonte: Correio 24h

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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