“Brasil tem uma oposição muito fraca”, afirma o professor David Fleischer

Por causa da extensa compreensão que tem do Brasil, o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer é rotineiramente procurado por investidores e jornalistas estrangeiros para traduzir a política e a economia brasileiras.

Nesta entrevista ao Brasil Econômico, ele conta que, apesar da burocracia e da legislação complexa, o Brasil segue atraente aos investidores, pela elevada lucratividade e liberdade na remessa de lucros. Norte-americano naturalizado brasileiro e radicado no país desde 1962, ele prevê que os movimentos populares devem voltar piores às vésperas da campanha eleitoral e podem até golpear a popularidade de Dilma Rousseff. “Se vocês acharam junho e julho de 2013 ruim, em 2014, na Copa do Mundo, vai ser duas ou três vezes pior”, diz o cientista político, um amante do humor e da ironia.

Sobre os laços entre eleições e economia, diz que o desafio de Dilma será manter a inflação sob controle e os níveis de renda e emprego estáveis. “Se começar a bater na carteira e na geladeira do eleitor, aí sim, ele vai reagir”, avalia. Para ele, Dilma tem uma vantagem da disputa eleitoral: “Temos uma oposição muito fraca”. Fleischer também avalia que o caso do mensalão pesará menos contra a campanha de Dilma, do que as denúncias de desvios em licitações de São Paulo contra os tucanos. Para ele, Marina Silva foi o grande fato político de 2013 e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, tem um perfil de “durão” que o eleitor gosta.

Qual sua avaliaçãode 2013?

A Marina foi um fato muito importante. E acho que ela acabou prejudicada. Foi ventilado na imprensa que cartórios eleitorais recusaram cinco, sete mil assinaturas, sem nenhuma justificativa. O fato é que ela representava uma ameaça. Todo mundo tinha medo dela, é a mulher que obteve 20 milhões de votos em 2010 e provavelmente, se conseguisse ser candidata em 2014, obteria muito mais – talvez 25, 30 milhões de votos. Marina prometia ser um grande fenômeno em 2014. Mas sem o partido, indo para o PSB, a equação muda, porque o PSB já tem um pré-candidato. Teremos que esperar para ver como esse entrosamento vai funcionar, se ela vai ser vice do Eduardo Campos ou não, se vão afinar um pouco mais as propostas e programas. Mas ela é um personagem importante. O agronegócio foi atrás dela, quer conversar com ela. É um setor que representa 25% do PIB, é um setor que não se pode desprezar. Com suas exportações, praticamente sustenta a nossa balança comercial. Outro fato muito importante foram as manifestações, muitas delas violentas, durante a Copa das Confederações, em junho e julho.

Como avalia as manifestações?

O governo e a polícia não estavam preparados para isso. O clamor das ruas dizia: nós não nos sentimos representados. E o Congresso, ou não entendeu, ou não escutou – reforma política, zero. A polícia supostamente agora está se preparando melhor. Então um especialista francês veio fazer palestras no Rio e em São Paulo para tentar passar a experiência francesa para os policiais brasileiros – porque lá as manifestações são frequentes. E finalmente a inteligência policial no Rio – não sei se em São Paulo também – acordou e foi monitorar as redes sociais.

Na sua avaliação, novas ondas de protesto ocorrerão?

Minha previsão é de que, se vocês acharam junho e julho de 2013 ruim, em 2014, na Copa do Mundo, vai ser duas ou três vezes pior. Será um prato cheio para realmente o país arrebentar: teremos 31 países jogando aqui, em 12 cidades diferentes,na véspera de iniciar a campanha eleitoral. Há uma expressão em inglês: The whole world is watching (“O mundo inteiro está olhando”). Metade do mundo estava olhando em 2013; em 2014, o mundo inteiro estará de olho.

Os protestos foram capazes de alterar a agenda do governo?

Sim, por causa da baixa qualidade dos serviços públicos. Não apenas no caso do transporte urbano, mas também dos serviços médicos, de educação, segurança etc. Os protestos mostraram que a insatisfação já estava lá, latente, esperando uma faísca para pegar fogo. O povo está cansado de ser mal atendido em hospitais, pela polícia, na educação, em serviços urbanos.

Alguns acham que parte do que se viu nas manifestações foi provocado pela ascensão dessa nova classe média. Ao ter mais, as pessoas desejam mais…

De fato, você tem 25, 30 milhões de pessoas que subiram de miseráveis para pobre ou de pobre para baixa classe média e foi uma grande migração. Isso aconteceu na Europa e nos EUA, mas levou 30 ou 40 anos para ocorrer, e não apenas 10 anos. Um fator a ser observado em 2014 é o comportamento eleitoral dessa nova classe média, porque ela é bem mais exigente. A Dilma entendeu um pouco mais o clamor das ruas e logo propôs algumas mudanças na reforma política, mas o Congresso, que tem que tramitar e aprovar as propostas, não o fez. O que estava para ser aprovado era o que eu chamo de “antirreforma política” – previa só afrouxar as normas. Outro aspecto a ser observado em 2014, que nós vimos um pouco mais em 2012, é aplicação da Lei da Ficha Limpa. O site Congresso em Foco mostra que pouco mais da metade dos deputados federais tem ficha suja. Se a legislação vigorar bem, eles não poderão concorrer. Se isso ocorrer, teremos uma renovação muito grande, chegaria a 70% da Câmara. Hoje, a taxa de renovação é em torno de 50%.

Essa nova classe média vai votar de forma diferente?

Pode ser que sim. Se ela está um pouco mais exigente, poderá olhar as propostas dos partidos e principalmente dos candidatos e tomar um pouco mais de cuidado. Supostamente a classe média se comporta assim, o pobre e o miserável votam por tutela – embora alguns discordem, dizem que não é tanto assim. Há certos grupos que supostamente votam por tutela. Não quero ofender ninguém, mas, por exemplo, os evangélicos costumam votar pela tutela do pastor e do bispo. Por isso é que há cada vez mais “Felicianos” na Câmara dos Deputados (referindo-se ao deputado e pastor Marco Feliciano, do PSC-SP). Já os padres não conseguem tutelar os fiéis católicos para votar em beltrano contra sicrano. Temos, por exemplo, a PM, que é uma espécie de grande família: sempre há três, cinco ex-oficiais da PM eleitos deputados estaduais em São Paulo. Também em São Paulo, há também muitos descendentes de japoneses, e há sempre quatro ou cinco descendentes de japoneses na Assembleia paulista, porque japonês vota em japonês. Supostamente a classe média tem um pouco mais de critério, principalmente no caso dos candidatos a governador ou senador. Se fosse candidato, eu pregaria fortemente que, se eleito, melhoraria o sistema de transportes, os hospitais. Tentaria jogar minha campanha em cima das aspirações e demandas.

O cenário econômico de crescimento baixo e juros em alta pode impactar o cenário eleitoral?

A economia só impacta o sistema eleitoral quando ele começa a impactar o eleitor individualmente. Enquanto o desemprego não está muito alto, o salário médio não está caindo, ainda há criação líquida de empregos e a inflação não está nos 8% ou 9% ao ano, não impacta diretamente o eleitor. Se essas variáveis começarem a cair, aí, sim, pode afetar. Lula jogou muito com a possibilidade de elevar o consumo e o PIB foi forte em 2010 por causa disso, mas aumentar o consumo tem limite. Dilma enfrentou esse limite em 2012 e agora em 2013. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o PIB do 3º trimestre mostraram isso com clareza: ao examinarmos setor por setor, observamos que a agricultura caiu muito, indústria também e o setor de serviços teve um desempenho mediano. O que mais cresceu foi o consumo do governo, mais que o das famílias. E há a questão fiscal, que é séria.

O desequilíbrio nas contas públicas é um tema só para analistas ou também preocupa o eleitor?

Poucos eleitores entendem a dinâmica e o impacto desse tema. Gostei quando batizaram as manobras do governo para melhorar as contas de “contabilidade criativa”. Essa contabilidade não pode se repetir. Só que este ano haverá vários ingressos das licitações, como Galeão, com R$ 19 bilhões, o pré-sal, com R$ 15 bilhões. Muita gente desconfia que essas privatizações foram feitas agora no final do ano para ajudar no resultado das contas públicas. Isso não dá muita credibilidade para a Fazenda, que está abandonando a meta de superávit. O Banco Central continua preocupado, porque um desequilíbrio fiscal afeta fortemente a inflação.

A elevação dos juros tem um impacto menor do que teria a inflação do ponto de vista eleitoral?

O eleitor entende que os juros estão mais caros e as consequências disso, mas não culpa o governo pelas decisões do BC. Também não joga na conta positiva do governo quando o BC reduziu os juros. Mas se a inflação sobe, isto vai para a conta do governo. O BC tem sido muito ágil e hábil. Ele percebe que se o dólar cair abaixo de R$ 2 pode ser ruim, e se chegar a R$ 2,40 pode ser ruim também. Por isso, trabalha para manter o dólar nesse intervalo entre R$ 2,20 e 2,40.

Mas o Brasil voltou a figurar entre os campeões dos juros…

Recebo visitas de investidores que me perguntam sobre a inflação. Quando digo que está em mais ou menos 6% ao ano e que, se eles forem ao banco pegar empréstimo, o juro será de 7% ou 8% ao mês, ficam assustadíssimos. Eles avaliam isso como um crime e eu sempre digo que isso é o Brasil. É difícil explicar um fenômeno desses para os estrangeiros. Assim como foi difícil explicar os embargos infringentes e declaratórios do mensalão. Em qualquer país quando o Supremo decide, está decidido e pronto. No Brasil, é possível apelar de uma decisão do próprio Supremo.

O que investidores estrangeiros querem saber?

Eles normalmente querem saber sobre o desempenho da economia. Em 2013 o Investimento Estrangeiro Direto está caindo. Não está ruim, mas está pior que em 2011 ou 2012. Mas eles investem aqui porque a margem de lucro é alta. Aqui há dificuldades de burocracia e legislação. Leva-se oito meses para abrir empresa e três anos para fechar. Na Austrália, são três dias. Mas o Brasil é um país atraente emtermos de lucratividade e a remessa de lucros é aberta.

O que o sr. vislumbra para 2014 no desempenho da economia? Pode afetar o cenário eleitoral?

Se começar a bater na carteira e na geladeira do eleitor, ele vai reagir. É como a frase da estratégia de campanha de Bill Clinton em 1992: “It’s just the economy, stupid” (“É a economia, seu estúpido”). Clinton pisou forte na questão da economia, que não ia bem. A propósito, Dilma tentou jogar dizendo que o IBGE iria revisar o crescimento do PIB de 2012 de 0,9% para 1,5%. Eles revisaram, mas para 1,0%. Não sei de onde ela tirou isso. A Dilma pisou no tomate nesse caso.

Mas esse será um problema para a Dilma no ano que vem?

Acredito que não chegue a isso. E não afetando o eleitor diretamente, como eu mencionei, a Dilma está mais ou menos confortável. Porque temos uma oposição muito fraca no Brasil. Eduardo Campos(provável candidato do PSB) diz: “Tudo bem, Lula e Dilma fizeram coisas interessantes, mas nós vamos fazer muito melhor”, Aécio Neves nem isso consegue falar. E os tucanos estão com o rabo de fora para ser pisado com as denúncias (referindo-se às investigações do caso Alstom-Siemens). O Geraldo Alckmin (governador de São Paulo), com sua cara de pau, disse que iria investigar. Agora, o Ministério Público está dizendo: sua investigação foi muito ruim, você vai ter que investigar melhor.

Esse é um flanco que vai atrapalhar a imagem dos tucanos?

Sim, vai. A Dilma pode questionar isso na campanha. Muitos afirmam que o caso do mensalão pode pesar contra a Dilma. Mas a presidenta já aconselhou os petistas exaltados, os “aloprados”, que esse negócio de fazer manifestações em frente à Papuda (prisão em Brasília onde estão os mensaleiros condenados) é contraproducente, que é melhor ficarem quietos porque o que estão fazendo pode atrapalhar. A presidenta não falou isso publicamente, mas supostamente já passou o recado aos “aloprados”.

Então, o que pode impactar?

A popularidade de Dilma caiu muito nos protestos de junho e julho. Pode ser que, nos protestos de 2014, que tendem a ser muito, muito piores, ela enfrente uma queda também.

Qual o potencial eleitoral do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa?

Recente pesquisa do Datafolha mostra Joaquim Barbosa em segundo lugar na preferência dos eleitores. Ele teve maior referência que Aécio e Eduardo Campos. Joaquim Barbosa não tem partido, não tem dinheiro e não tem tempo na televisão. Ele representa certo modelo ou padrão que o eleitor gosta. Não faz parte de nenhuma bagunça partidária. É independente, resolvido e é durão. Este é o perfil político que o eleitor está procurando, é aquilo que se chama outsider, alguém de fora. Mas não sei se ele teria fôlego, por uma questão de saúde. Barbosa tem um problema nas costas que certamente o prejudicaria em uma eventual campanha. Potencial eleitoral, ele tem muito. Mas não tem saúde.

Na comparação com a Marina, ele tem hoje uma imagem melhor para o eleitor?

Sim. Marina saiu de cena. Eliana Calmon é outra pessoa que tem fama de durona. É outro exemplo de quem caiu fora do judiciário e deve se candidatar.

A fama de durona da Dilma ajuda na construção de sua imagem como governante?

Ajuda. Para ser um governante, um político tem que ter pulso para mandar. E em se tratando de mulher, me desculpe, mas tem que mostrar que tem pulso. Tem que bater na mesa e colocar o dedo no nariz das pessoas. A Dilma faz isso. Já a Marta Suplicy, que foi prefeita de São Paulo, não conseguiu mostrar que tem pulso. Ela construiu uma imagem de dondoca e mulher de sociedade. Visitava a favela vestida com luxo e bem maquiada. O político que vai a uma favela veste o jeans e o tênis, jamais usa um terno.

Como avalia as articulações do PT com os aliados?

Dilma vai perder 12 ou 13 ministros agora, provavelmente já em janeiro. Ela está vendo como vai substituí-los: se em uma, ou duas levas – a primeira em janeiro; a segunda, em março. Eu não sei se ela poderá esperar até março, porque muita gente já quer ir embora para começar a campanha. Mas, ao invés de colocar técnicos, ela terá de colocar representantes dos partidos. E aí será preciso ver quem colocar. Ela não poderá escolher nenhum deputado, porque todos devem ir à reeleição. Ela terá que pegar senadores com mais de quatro anos de mandato e que não pretendam se candidatar a governador, ou selecionar alguém do partido que não vá se candidatar a nenhum cargo. Os próprios partidos estão muito limitados sobre quem eles podem propor. Por exemplo, o Aldo Rebelo (PCdoB) ia se recandidatar a deputado, mas a Dilma disse: “Não, você vai ficar”. Ele é muito disciplinado, foi para o sacrifício, vai ficar.

Qual a sua avaliação sobre a PEC do orçamento impositivo?

O Congresso não quer aprovar o orçamento impositivo total, como é o dos EUA- porque o orçamento norte-americano, se está aprovado no Congresso, o presidente não mexe mais, acabou. Se quiser mudar, tem que voltar ao Congresso. O Congresso brasileiro quer tornar impositivas apenas as emendas parlamentares. É um “impositivo interessado”. Pelo menos, a Dilma conseguiu uma coisa: que emendas parlamentares têm que ser em parte dedicadas à saúde.

Como fica o espaço para negociação de matérias no Congresso, já que há o costume de se usar as emendas para negociar votos?

De fato, com o orçamento impositivo, a presidenta perde esse recurso para negociação e para garantir a fidelidade dos partidos. Restam apenas as nomeações para cargos públicos. Essas nomeações são importantes para os parlamentares fazerem políticas em seus redutos eleitorais. Elas servem, assim como as emendas, como moedas de troca para a presidenta negociar matérias com os parlamentares e também para manter a lealdade partidária. A lealdade da oposição nunca haverá, pois não se espera que a oposição vote junto com o governo. Mas para manter a base, são importantes. Aliás, já vimos que nem nomeações nem emendas são suficientes para manter a lealdade. Tanto é que em 2003 decidiram criar logo o mensalão, para garantir mais o apoio. No início do seu primeiro mandato, Lula não conseguiu trazer o PMDB para o governo e ficou com apoio, no Congresso, aquém de uma maioria estável econfiável, da ordem de 70% dos parlamentares. Em 2004 ele conseguiu atrair o PMDB. O fato é que nenhum governo, seja de direita, centro ou esquerda, consegue governar sem o PMDB. É imprescindível, tanto pelo tamanho da bancada no Congresso, quanto pelo número de governadores, prefeitos e vereadores. Se olhar todos os indicadores, o PMDB é de longe o maior partido do Brasil.

Voto aberto para cassação e para derrubada de vetos são mudanças que fazem diferença?

Numa democracia, o voto deve ser aberto para tudo. O cidadão que elege o parlamentar tem direito de saber como ele está se comportando. É uma questão de transparência e direito do eleitor de cobrar do seu candidato. No caso das cassações, isso é muito importante. Já no caso dos vetos presidenciais, a coisa muda de lado, porque a Dilma é que vai poder vigiar quem está votando contra os vetosd ela. O veto presidencial, total ou parcial, ainda é uma arma forte que o presidente tem.

Há uma avaliação no Congresso de que o ano foi produtivo em termos de aprovação de projetos. O sr. concorda?

Em parte. Houve coisas importantes aprovadas, como o Código Florestal, em que a Dilma foi flagrantemente derrotada pela bancada ruralista. Mas ela conseguiu reverter a questão dos royalties do petróleo. Tenho muitas críticas ao Henrique Eduardo Alves (PMDB, presidente da Câmara). Ele é um parlamentar experiente, está na Câmara desde 1971. Mas deveria saber melhor das coisas. O Renan Calheiros (PMDB, presidente do Senado) entende muito melhor a política do que o Henrique Alves, que joga para a plateia o tempo todo. Por exemplo, quando o Supremo sentenciou e mandou prender na Papuda o Natan Donadon (ex-deputado condenado por corrupção), na mesma hora o presidente da Câmara deveria ter reunido a Mesa Diretora e decidido cassá-lo. Quando Michel Temer (vice-presidente da República) era presidente da Câmara, houve umcaso semelhante e a mesa decidiu cassar o sujeito imediatamente. Mas o Alves tem que jogar para a plateia, dizendo que só a Câmara pode cassar, e criou um constrangimento entre Legislativo e Judiciário. Ele é meio fraco, Renan é mais habilidoso e decidido.

O ano também foi marcado pelo incidente da espionagem dos EUA e a presidenta Dilma desistindo de ir a Washington. Quando essa situação será superada?

Em 2015, se ela for reeleita, deverá fazer essa viagem e retomar as relações com os Estados Unidos. Naquela situação não havia alternativa senão cancelar a viagem. A imprensa logo descobriu que a CIA e a NSA estavam no Brasil há muito tempo fazendo investigações. E houve até colaboração da Polícia Federal, que recebia um “dindim” para isso.

Então, foi acertada a decisão de não ir aos Estados Unidos?

Ela corria o risco de chegar em Washington e no mesmo dia a imprensa soltar outras informações que poderiam ser até mais graves. Ela não tinha outra alternativa. No caso da Angela Merkel, foi terrível porque estavam grampeando o celular dela há mais de dez anos. Mas foi bastante diferente do que com a Dilma. Obama telefonou para Merkel, pediu perdão pessoalmente e prometeu que nunca mais aconteceria. Como Brasil, não houve nem pedido de desculpas, muito menos promessas de que não se repetiria.

O que os EUA estavam sinalizando? Que a Merkel está numa categoria superior à Dilma?

Exatamente. E isso foi o que doeu ainda mais para o Brasil.

O sr. tem uma previsão para o cenário eleitoral?

Estamos vivendo a época de aliciamento de partidos para a formação das coligações eleitorais. Porque quanto mais partidos se coligarem, mais tempo de televisão haverá. Os políticos acreditam piamente que ter um tempo maior de televisão é mais vantajoso, embora as pesquisas mostrem que não é bem assim.

Fonte: Brasil Econômico

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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