‘Bandidos vestidos de policiais’, diz delegada sobre PMs que sequestraram mãe e bebê

Os soldados Jonas Oliveira Gois Júnior (lotado na 35ª CIPM), Henrique Paulo Chaves Costa (Batalhão de Guardas) e Ronaldo Pedro de Souza (Sub Comando da PM) e Diogo de Souza Ricardo, acusados de sequestrar uma mulher e o bebê em Camaçari, são “bandidos vestidos de policiais”. O crime foi motivado por conta de uma dívida de drogas com o traficante Douglas Fernandes. Os quatro estavam encarregados de cobrar o valor de R$ 300 mil. “São bandidos vestidos de policiais e, pior, de policiais civis”, criticou a delegada.

A autônoma que foi sequestrada pelo grupo é irmã do traficante e o sequestro foi planejado para conseguir o dinheiro da dívida contraída por ele. A autônoma e o filho de três meses foram sequestrados quando ela fazia entrega de mercadorias na casa de uma cliente, no bairro Gleba E, por volta das 11h. “Eles chegaram dizendo que eram policiais civis e que um delegado queria falar com ela. Ela se recusou e eles puxaram ela para dentro do carro”, contou a delegada.

A vítima foi agredida com coronhadas na cabeça e no rosto. “Ela e o marido estão morrendo de medo porque a quadrilha de policiais militares bandidos é grande”, diz a delegada. O estado de saúde do bebê é estável. Segundo a delegada Maria Tereza, titular da Delegacia de Homicídios (DH) do município, que estava na 18ª na tarde desta quinta-feira (15), a família pensa em se mudar da cidade.

A delegada Alda informou que o irmão da vítima já tinha sido preso na 18ª Delegacia por tráfico de drogas. “Ele fez um acerto escuso com os PMs e não cumpriu”, disse. A polícia ainda investiga qual a natureza da dívida.

De acordo com a Polícia Civil, as placas dos carros usados no crime não estão no nome dos policiais e suspeita-se de que sejam roubados. Das seis armas encontradas com os policiais, apenas duas são da corporação. “São bandidos vestidos de policiais e, pior, de policiais civis”, criticou a delegada.

Os PMs estão presos na Corregedoria da Polícia Militar, em Salvador, e Diego está detido na 18ª Delegacia (Camaçari). De acordo com a delegada, eles se apresentaram com advogado e preferiram ficar calados. Os celulares dos criminosos foram recolhidos para serem periciados. A polícia espera encontrar nos aparelhos mais informações sobre como o crime foi planejado através das ligações e conversas entre eles.

Insegurança

O Correio esteve no local onde a vítima foi sequestrada e trata-se de uma rua estreita e sem saída, próximo ao final de linha de ônibus do bairro Gleba E, cerca de 4km do bairro POC III, onde o carro da vítima foi abandonado. Uma moradora relatou que os policiais chegaram mandando seu marido retirar o carro da entrada da rua, próximo à esquina, para que eles pudessem passar. “Ele não entendeu, achou que fossem moradores do bairro porque não tinha viatura. Eles se apresentaram como policiais civis, apontando a arma para que ele tirasse o carro, se não o iriam matar”, denunciou
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Ainda segundo a mesma moradora, apesar disso, o marido não viu a ação do sequestro. “Ele entrou em casa e não viu mais nada”, disse. Na casa onde, supostamente, a vítima teria sido sequestrada ninguém quis falar com a reportagem. Outras moradoras da rua também relataram que a ação foi discreta. “A gente não viu nada, só ficamos sabendo pela TV. Como aconteceu no horário de meio dia, a maioria das pessoas estavam no trabalho”, contou uma moradora.

“Gente que não presta tem em todo o lugar. Na polícia, na advocacia, na política. Se fosse por isso, toda a sociedade é manchada”, disse um militar da Rondesp que não quis se identificar. Para Alda, no entanto, o crime mancha a polícia como um todo, já que eles se passaram também por policiais civis.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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