Após quase dez anos paralisadas, obras de saneamento básico são retomadas em Alagoinhas

Reza a lenda que Alagoinhas, cidade a cerca de 124 quilômetros da capital baiana, tem a segunda melhor água do mundo. Fama fácil de comprovar, não à toa duas grandes cervejarias do país instalaram-se no município. A cidade com população estimada em 155.979 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem a água como principal riqueza, porém o sistema de esgotamento sanitário não acompanhava as necessidades de um município com 707,38 km². A cobertura total do sistema de esgotamento corresponde apenas a 12%.

Para recuperar uma perda histórica será necessário forte investimento em obras de sistema de saneamento básico, voltadas para a manutenção e construção de uma rede de esgotamento sanitário, elevando o nível de cobertura do município. Com obras paradas há quase dez anos, só agora, em 2017 é que os trabalhos recomeçaram, apesar de parte dos recursos para as intervenções já estarem liberados desde 2007 – na época, Joseildo Ramos (PT) era prefeito da cidade e logo depois em 2010 e 2011 – período do mandato de Paulo Cézar Simões (PDT), agora atual diretor geral da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), os recursos finais foram disponibilizados. As verbas destinadas às obras de 2007 e 2011, correspondem a investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2, respectivamente e de 2010, oriundas do Programa Saneamento Para Todos. Mas a razão pela qual as obras não foram executadas é desconhecida.

“Os recursos estavam aí, o que faltava era vontade de realizar e isso a nova gestão tem. O que nossa administração quer é transformar a vida das pessoas e saneamento básico é um pilar fundamental porque também está diretamente ligado à saúde. Eu como médico, me preocupo e estou atendo a essa necessidade urgente. Por isso coloquei à frente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) uma gestora qualificada e competente para tocar as grandes obras que estamos realizando no município porque agora ela terá apoio para fazer”, explica o prefeito Joaquim Neto (DEM).

OBRAS DE SANEAMENTO

Os 26, 3 milhões de reais destinados a obras de saneamento básico em Alagoinhas serão distribuídos na execução de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE’s), estações elevatórias, redes interceptoras, coletoras, básicas, condominiais e ligações intradomiciliares. Serão executadas duas ETE’s, de Narandiba e Barreiro/Mangalô. As intervenções estão relacionadas à qualificação da rede de esgotamento sanitário da cidade.

“Nós firmamos o compromisso de dar continuidade para as melhorias que nossa cidade precisa porque eu iniciei este trabalho lá atrás, quando fui gestora do SAAE em outra oportunidade, mas, com a mudança na gestão municipal e minha saída da autarquia os trabalhos foram interrompidos por oito anos. A equipe técnica se esforçou bastante para não perder os recursos que estavam parados e nós já concluímos 50% do PAC 1 e 57% do PAC2. O avanço após oito anos de hiato é reflexo da nossa vontade de fazer e, claro, do interesse do atual prefeito que tem apoiado o projeto e se empenhado nele”, explica a diretora geral do SAAE e engenheira sanitarista e ambiental Maria das Graças Reis.

SANEAMENTO É SAÚDE

De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Alagoinhas, o esgoto é resultado do processo de alteração da água, provocado pela mistura com matérias orgânicas, como fezes e urina. Deste modo o objetivo principal do sistema de tratamento é desfazer essa mistura para evitar impactos ambientais e poluição dos rios e lagos. O início do tratamento dos efluentes começa nas residências, quando o imóvel possui rede coletora, deste ramal o efluente segue pela rede por gravidade até as estações elevatórias. Então, nestas estações as bombas elevam e vão conduzindo os esgotos dos pontos mais baixos para outros elevados, chegando finalmente até a estação de tratamento.

“O pleno funcionamento do sistema de esgotamento sanitário gera benefícios enormes para a população, um deles é a promoção de condições dignas de vida. Não precisar conviver com esgoto a céu aberto, risco de infecções por conta de contato com água contaminada, entre outras problemáticas sociais e de saúde pública. Esse trabalho é nosso dever. Entregar água de qualidade, mas também esgoto devidamente coletado, conduzido e tratado para 100% da população”, aponta a diretora do SAAE, engenheira Maria das Graças Reis.

Conforme informações da prefeitura, com a finalização das obras quase 9 mil famílias serão beneficiadas em diversas regiões do município, assim elevando a cobertura de rede de esgotamento sanitário para 30%, saltando quase 20% em relação ao percentual atual. “Eu considero uma responsabilidade sem tamanho poder mudar a vida de 9 mil famílias, isso sem contar cada um individualmente. Essas pessoas sofreram mais de dez anos sem esgoto tratado, sem rede de esgotamento digna, sentindo mau cheiro na porta de casa. Foram dez anos, tempo equivalente a duas gestões e meia, mas em menos de dois anos vamos mudar essa realidade. Isso é apenas uma etapa, temos mais pela frente até atingir o percentual ideal e começar a planejar a recuperação do rio Catu, tão importante para nossa cidade”, diz Joaquim Neto.

INVESTIMENTOS

O pacote de obras já em execução é realizado por meio de recursos federais distribuídos por três frentes, PAC 1, com investimento de 13 milhões, PAC 2, com 5,6 milhões e Saneamento Para Todos, representando 7,7 milhões de reais, totalizando 26, 3 milhões só para qualificação do sistema de esgotamento sanitário de Alagoinhas. Todas as obras em andamento serão entregues no fim do primeiro semestre de 2018, conforme previsão do SAAE.

 

Fonte: SECOM PMA

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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