Apesar do apoio oficial a Tebet, MDB faz acenos a Lula ou Bolsonaro em metade dos estados

Com apoio formal da maioria dos diretórios regionais do MDB, a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência convive com acenos de correligionários ao ex-presidente Lula (PT) ou ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em pelo menos 13 estados. Reservadamente, lideranças partidárias dizem que o desempenho tímido de Tebet nas pesquisas, sem passar de 2% até aqui, faz com que parte dos pré-candidatos a cargos majoritários e ao Legislativo busquem se associar aos nomes mais competitivos por ora no cenário nacional.

Apesar desses acenos e de admitirem possíveis traições na campanha, os caciques emedebistas mantêm o discurso pró-Tebet para seguir a linha defendida pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Segundo interlocutores de Baleia, a estratégia de lançar chapa própria ao Planalto ajuda candidatos que, por circunstâncias locais, preferem evitar tomar lado entre Lula e Bolsonaro — caso do próprio presidente emedebista, que tem como reduto o interior de São Paulo.

Levantamento do GLOBO apontou que 22 dos 27 diretórios do MDB externaram apoio a Tebet. Cinco estados evitam endossá-la. Em Rondônia, o diretório é comandado por Lúcio Mosquini, vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, que avalia compor um palanque bolsonarista. Nos outros quatro — Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas —, o partido defende apoio a Lula.

Em outros estados do Nordeste, como Bahia e Piauí, o MDB formará chapas com candidatos do PT ao governo e pretende estar no palanque do ex-presidente.

— Defendo a unidade do partido, mas ninguém vai obrigar uma pessoa a apoiar outra. Nos estados onde Lula é forte, isso favorece seus aliados a eleger deputados, e o MDB é um partido que busca força legislativa — afirmou o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, presidente de honra do MDB baiano.

Em Sergipe, o ex-governador Jackson Barreto se diz “pessoalmente simpático a Lula” e alinhado ao governador Belivaldo Chagas (PSD), que apoia o petista.

— Também há pessoas mais bolsonaristas aqui no diretório. Meu plano é ser candidato ao Senado na chapa governista. Mas isto ainda será discutido — declarou Barreto.

A hesitação em abraçar a candidata do MDB se repete com os três governadores da sigla. Em Alagoas, eleito neste mês para um mandato-tampão, Paulo Dantas (MDB) é aliado do senador Renan Calheiros, um dos nomes mais resistentes a Tebet no partido, e já declara apoio a Lula.

No Pará, o governador Helder Barbalho chegou a receber a senadora no estado, mas disse na última semana, ao jornal Folha de S. Paulo, que o cenário eleitoral é de “polarização consolidada”. Helder já recebeu declaração de apoio de Lula e mantém boa relação com o PT local, que lançou como pré-candidato ao Senado o deputado Beto Faro, próximo ao governador. Seu pai, o senador Jader Barbalho, principal liderança do MDB no estado, se alinha a Renan no grupo contrário a Tebet.

Já no Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) tem feito elogios a Tebet, mas também garantiu palanque a Bolsonaro. Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos), ambas ex-ministras do atual governo, disputam a vaga ao Senado na chapa de Ibaneis.

Fonte: O Globo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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