Analistas veem 2014 difícil para aplicações
Para quem investe nos mercados de ações e de câmbio, 2013 será um ano para esquecer.
O próximo tampouco será fácil, mas o desempenho deve ser melhor do que o deste ano, beneficiado por uma retomada da economia dos EUA e pela volta do crescimento chinês -os dois principais parceiros comerciais do país.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, acumula alta de 16,34% desde o início de 2013. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, cede 16,02%.
“A moeda americana já subiu bastante e, mesmo que ainda exista pressão para cima ao longo do próximo ano, a alta não deve ser tão expressiva”, diz André Perfeito, analista-chefe da Gradual.
A disparada do dólar começou em 22 de maio, quando o Fed (BC dos EUA) comunicou a intenção de retirar os estímulos à economia americana, o que reduziria a quantidade de recursos disponíveis para aplicação em outros mercados, como o Brasil.
O anúncio fez o dólar à vista saltar de R$ 2 para até R$ 2,43 em 22 de agosto. O dólar comercial, usado no comércio exterior, foi a R$ 2,45, estimulando o Banco Central a adotar um programa de intervenções no câmbio, com a oferta de US$ 3 bilhões por semana.
“A adoção de uma espécie de ‘ração’ diária do BC ao mercado ajudou a amenizar a oscilação do dólar e a frear a alta da moeda”, diz Reginaldo Galhardo, gerente de Treviso Corretora.
Na semana passada, o Fed decidiu reduzir a injeção de recursos de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões mensais a partir de janeiro. O BC brasileiro aproveitou a calmaria para também anunciar uma redução em sua oferta de dólares, de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão semanal.
Nos EUA, a expectativa é de que a redução seja progressiva e que os juros não subam até 2015. “Isso indica uma pressão menor no câmbio em 2014”, diz Marcos Trabbold, da corretora B&T.
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ELEIÇÃO
No Brasil, a deterioração das contas do governo, o baixo crescimento e a inflação também pesam contra as aplicações e devem afastar os investidores estrangeiros.
“Essas questões devem piorar em 2014 por causa das eleições, que obrigam o governo a aumentar seus gastos”, diz Filipe Machado, da Geral Investimentos.
Mesmo assim, a avaliação é de que o Ibovespa não deve repetir o desempenho de 2013, considerado péssimo pelo mercado.
“A economia da China já desacelerou o que tinha que desacelerar e deve voltar a crescer mais. Nosso mercado deve acompanhar a retomada”, diz Hamilton Alves, estrategista do BB.
A forte queda do índice em 2013 também motiva uma recuperação no próximo ano. “Muitos papéis ficaram baratos e, por isso, têm espaço para voltar a subir em 2014”, diz Fernando Araujo, da gestora FCL Capital. “O Ibovespa perdeu muito mais que os seus pares no exterior em 2013, por isso deve desempenhar melhor daqui para a frente.”
Fonte: Folha de São Paulo