Alunos da Ufba criam campanha para denunciar violência

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Alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que foram vítimas de violência de raça, gênero e geração dentro da instituição, têm até o dia 29 para denunciar, através de questionário digital, tanto os abusos como os agressores. Em menos de três meses, no mínimo três denúncias envolvendo assédio moral e racismo aconteceram na universidade.

O recolhimento das denúncias faz parte da campanha “Professor Não é Dono de Aluno”, criada pelos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufba, que tem o objetivo de elaborar um documento com casos de autoritarismo docente para, posteriormente, ser entregue à ouvidoria da universidade. No questionário, as vítimas podem indicar o agressor e local da ocorrência sem que seja necessário se identificar.

De acordo com informações do jornal A Tarde, o canal começou a receber as denúncias no dia 30 de março e, até esta terça-feira (12), já havia reunido cerca de 200 denúncias. Segundo a coordenadora-geral do DCE, Lorena Pacheco, a finalidade da plataforma é que, a partir dessa coleta de dados, seja formulada uma espécie de dossiê, que será enviada também ao Ministério da Educação.

“A ideia é alertar a comunidade acadêmica e informar que os casos de violência e desrespeito, que acontecem na universidade, não são pontuais. É preciso que todos conheçam a forma como vem sendo exercida a docência dentro da Ufba”, afirmou.

Com as denúncias, a campanha visa criar uma comissão permanente para apurá-las e para que os acusados, caso seja confirmado o envolvimento, sejam devidamente punidos. Além disso, o DCE pretende traçar um perfil dos agressores e das vítimas de desrespeito dentro da universidade.

Os alunos aprovaram a iniciativa. “É importante que os professores saibam que a sala de aula é lugar da desconstrução, e combater as diversas formas de preconceito só melhora o ensino”, afirmou ao jornal A Tarde o estudante do bacharelado interdisciplinar (BI) em humanidades, Ícaro Santana, 18 anos.

Segundo Lorena Pacheco, o DCE, antes mesmo da coleta final das denúncias, já consegue apontar algumas características dos lados envolvidos nas denúncias. Na maioria dos casos coletados até então, os agressores são homens, de cor branca e com alto grau de graduação. As vítimas, por sua vez, são em grande parte alunos negros ou cotistas e mulheres.

“Atitudes agressivas como essas afastam as minorias que tanto lutaram para alcançar um espaço na universidade”, disse a coordenadora do DCE. A reportagem de A Tarde não obteve resposta da assessoria da Ufba.

Fonte: bahia.ba

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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