‘Agenda que Temer quer impor não foi votada’, diz líder do MTST

O coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, afirmou, ao participar de evento em Salvador nesta segunda-feira, 13, que, se proposta, a abolição da Lei Áurea (que aboliu a escravidão no Brasil) passaria no Congresso Nacional.

A afirmação ocorreu ao comentar, em entrevista ao A TARDE, as críticas feitas por congressistas à Justiça do Trabalho. “Acabar com a Justiça do Trabalho só interessa aos patrões, é destruir alguma instância em que o trabalhador pode recorrer quando seu direito é ferido. É escandaloso”, afirmou.

“É de duvidar se essa turma não vai propôr a abolição da Lei Áurea ainda nesse ano. E se propor, passa nesse Congresso Nacional”, disparou o líder nacional do MTST.

Boulos participou do debate “Democracia e direitos sob ataque – um olhar dos movimentos sociais”, organizado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), no Museu de Arte da Bahia.

O evento contou com a participação de outros líderes de movimentos sociais, como Sônia Guajajara (Articulação de Povos Indígenas do Brasil), Valdecir Nascimento (Articulação de Mulheres Negras Brasileiras) e João Paulo Rodrigues (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST).

Para ele, os aliados do governo do presidente Michel Temer (PMDB) estão fazendo do Congresso uma “assembleia desconstituinte”. “Eles têm três quintos do congresso. Com três quintos, eles aprovam emenda constitucional. A pergunta que fica é quando vamos ter três quintos para  reverter as atrocidades que estão sendo aprovadas agora? A esquerda nunca teve, setores democráticos, progressistas nunca tiveram. para derrotar esse projeto só através de muita mobilização popular, não só ganhar a próxima eleição”, afirmou.

As “atrocidades” citadas por ele são as reformas da previdência e trabalhista, além da já aprovada PEC que congela gastos públicos por 20 anos. “Apresentaram uma reforma da previdência que, na prática, liquida o direito de se aposentar de milhões de pessoas. Uma reforma que é uma revogação branca da CLT, além da PEC que congela investimento social por 20 anos. É uma coisa sem precedentes na história”, diz Boulos.

Para ele, os movimentos sociais têm papel preponderante para mobilizar a população contra as reformas. Ele também disse que o ajuste fiscal proposto pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, enfraqueceu sua base.

“Dilma foi reeleita com 54 milhões de votos com discurso de que preservaria os direitos sociais, que não faria uma política de ajuste para cortar no andar de baixo. E o ajuste fiscal de 2015 minou a credibilidade. Este  erro brutal fez com que a própria base ficasse apática quando não se voltou contra o governo. Isso dificultou o enfrentamento ao golpe”, defendeu.

No entanto, para ele, o ajuste de Dilma é “aperitivo” diante das reformas de Temer. “É um retrocesso institucional que pode ter efeitos de longo prazo”.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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