Advogada de Bolsonaro trabalha para criar grupo ‘Prerrogativas’ da direita
Defensora do ex-presidente Jair Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, a advogada Karina Kufa está articulando a criação de um grupo de juristas do campo da direita, batizado de “Os garantistas”.
Até agora, “Os garantistas” não existe formalmente – um jantar para anunciar a sua criação oficial deve ocorrer no próximo mês, em Brasília –, mas o grupo de WhatsApp já reúne 65 integrantes.
Com a empreitada, Karina Kufa pretende fazer contraponto ao influente grupo Prerrogativas, criado em 2015, no auge da operação Lava-Jato, e que reúne advogados, juristas e ministros do campo progressista, mais identificados com a esquerda e com a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para efeito de comparação, o Prerrogativas possui mil integrantes espalhados em quatro grupos.
O “recrutamento” do grupo é feito por meio de um formulário de inscrição traz seis perguntas, entre elas se o interessado “tem vontade de contribuir de alguma forma para que o país não se torne comunista” e se a “sociedade deve preservar a família tradicional e ter Deus como condutor de seus valores”.
Na ficha também é preciso responder “qual ideologia você se identifica” – se com a opção de centro, direita e até de esquerda – e em quem votaria para presidente da República.
Entre as 12 opções elencadas estão Lula, Jair Bolsonaro (mesmo declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral), a atual primeira-dama Janja e sua antecessora na função, Michelle Bolsonaro, e os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Jorginho Mello (PL).
O movimento de Karina Kufa pretende unir advogados do campo conservador em uma mesma entidade, de maior projeção e prestígio.
No caso do “Prerrogativas da direita”, Kufa diz que a ideia não é apostar numa advocacia de confronto, mas de moderação e diálogo com o Poder Judiciário – a própria Karina já lançou livro sobre crimes cibernéticos na biblioteca do Supremo em pleno governo Bolsonaro em agosto de 2022, quando o então presidente recrudescia os ataques contra integrantes do tribunal.
É um tipo de postura diplomática e conciliatória que muitas vezes faz os próprios bolsonaristas torcerem o nariz, mas que a advogada de Bolsonaro acha que pode fazer diferença em momentos críticos – e, se for bem sucedido, pode se tornar um polo de poder em futuros governos conservadores.
Na esquerda, o Prerrogativas fez atos e iniciativas em defesa de Lula, quando ele estava preso em Curitiba, na campanha eleitoral trabalhou pela aproximação entre Lula e Geraldo Alckmin e, depois da eleição, conseguiu emplacar aliados no governo e nas indicações do presidente para o Judiciário, como a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Daniela Teixeira.
Em busca desse perfil moderado, o “garantistas” não deve aceitar advogados conhecidos por fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: O Globo