À esquerda de Marina, Erundina reduz participação e exposição na campanha

Amiga da presidenciável Marina Silva desde os tempos do PT, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) está cada dia mais discreta na função de coordenadora da campanha presidencial.

À esquerda da candidata, a socialista discorda da concepção da Rede, partido original de Marina, e perde o sono quando ouve falar sobre propostas como a independência do Banco Central.

Principal aliada de Marina no PSB quando Eduardo Campos estava vivo, Erundina virou carta na manga quando a nova cabeça de chapa decidiu colocar seus nomes no comando da candidatura.

Marina reivindicou para Erundina o posto de Carlos Siqueira quando este se rebelou contra a indicação do marineiro Walter Feldman para dividir a função de coordenador-geral da campanha.

A ex-prefeita de São Paulo assumiu o posto aparecendo ao lado de Marina nos primeiros dias da nova fase da corrida, mas a lua de mel durou pouco.

O primeiro cisma aconteceu logo nas primeiras agendas. A paraibana Erundina não foi chamada por Feldman a participar de um corpo-a-corpo de Marina no Centro de Tradições Nordestinas em São Paulo, seu reduto eleitoral.

Mas foi a própria pessebista quem começou a diminuir sua exposição ao lado da presidenciável.

Erundina se decepcionou com a retirada da criminalização da homofobia do programa de governo presidencial e discorda das novas bandeiras de Marina, como a independência do Banco Central e a defesa da Lei da Anistia aos militares que participaram da ditadura.

Erundina prefere agora participar da campanha de dentro do comitê central, na capital paulista, onde coordena as reuniões sobre as estratégias eleitorais e opina sobre a agenda.

Oficialmente, a deputada aparece pouco ao lado de candidata a presidente porque estaria focada demais em sua própria reeleição. “Estou em atividade, apareço pouco porque estou cuidado da minha campanha”, resumiu Erundina ao iG, em uma rara aparição com Marina na semana passada.

Para alguns descontentes do PSB, a ex-prefeita perdeu espaço como qualquer outro membro do partido, que vê os marineiros da Rede ganharem cada vez mais influência nas decisões da campanha.

Marina prioriza agendas com o seu perfil, como o da última segunda-feira (15.09), quando se encontrou com artistas em uma casa de shows em São Paulo. Ela promoveu evento idêntico na campanha de 2010, quando reuniu o mesmo grupo em uma casa noturna extinta na rua Augusta.

Embora Erundina tenha se transformado em entusiasta da ex-companheira de partido quando a aliança com Campos foi estabelecida, ela nunca escondeu sua opinião sobre a Rede, partido que a presidenciável pretende tirar do papel no ano que vem.

Em entrevista ao colunista Kennedy Alencar no final de 2013, ela justificou sua recusa ao convite de migrar para Rede, afirmando que a ex-ministra do Meio Ambiente é “maravilhosa, mas entra no senso comum da sociedade ao negar a política”.

Para Erundina, a Rede é uma negação aos partidos e “desorganiza e deseduca” a sociedade politicamente. “Eu gosto das coisas mais precisas. O socialismo para mim é uma motivação para estar na política […] Isso é um valor inegociável e preciso estar num partido que se expressa como socialista.”

Fonte: IG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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