A escolha atabalhoada porém eficaz de Michel Temer
O Palácio do Planalto seguiu a norma dos últimos anos: se pode complicar, para que simplificar?
Para chegar até o óbvio – a indicação do vice presidente Michel Temer para a articulação política, acumulando a Secretaria de Relações Institucionais – fez o seguinte trajeto:
1. Ofereceu o cargo ao Ministro dos Portos Eliseu Padilha, sem saber se ele iria aceitar. Ninguém com um mínimo de malícia política procede assim. Primeiro, envia emissários para sondar a decisão, para só depois fazer o convite.
2. Permitiu que o convite vazasse e, pior, junto com a recusa de Padilha. Imediatamente queimou um seguidor leal, o Ministro Pepe Vargas. Tudo com a mesma falta de cuidado com que humilhou Guido Mantega – que merecia estar fora do governo muito antes, mas sem humilhação.
3. De trapalhada em trapalhada, o governo Dilma chegou à melhor solução possível: Michel Temer.
Agora, tem-se um profissional na principal posição do campo político, alguém com livre trânsito no PMDB, na oposição, no Poder Judiciário, discreto, hábil, com senioridade.
As críticas da oposição – de que Dilma “terceirizou” sua função política – é esperneio de quem não esperava que de tranco em tranco o governo conseguisse chutar a gol. Mas chutou.
Aos poucos o choque de realidade vai tornando Dilma menos teimosa e mais consciente do jogo que tem pela frente.
Com sua habitual dificuldade em tratar de dois temas ao mesmo tempo, concentrou-se na aprovação do pacote fiscal pelo Congresso e ainda não começou a trabalhar seu plano estratégico de governo.
Com a frente política em boas mãos, falta desenhar o plano de ação do seu governo e destacar um assessor de peso para participar das formulações de cada ministério e definir as formas de acompanhamento.
Fonte: GGN – Luis Nassif