A imagem dos gestores municipais – *Maurílio Fontes

REPROVAÇÃO DOS GESTORES MUNICIPAIS

O final do primeiro trimestre de 2016 é o deadline para os gestores municipais que serão candidatos à reeleição avaliarem as percepções dos cidadãos em relação à imagem que foi “construída” nos três anos de mandato.

De maneira geral, sem a necessidade de um exercício especulativo, é fácil notar que os prefeitos baianos não deram muita importância à construção de suas imagens.

Neste momento, tenho lidado com as angústias de alguns clientes que por diversas razões – inclusive a eleitoral, que é a mais importante para eles – querem e precisam reposicionar suas imagens, quando relegaram este elemento a plano secundário ao longo dos últimos três anos.

A tarefa não é fácil, visto que percepções negativas já podem estar cristalizadas. Mais complicado ainda será se não existiram ações administrativas concretas, obras que tenham melhorado a vida das pessoas ou elementos imateriais (jargão tão ao gosto da esquerda) que inseridos na vida social, possam ser transformados em argumentos  governamentais qualitativos à disposição do mercado eleitoral para a análise dos cidadãos.

Um governo oco estará em larga medida, dentro das condições normais de temperatura e pressão, fadado ao fracasso eleitoral em 2 de outubro.

Não há mais tempo para conjugar o que não existe com ações estratégicas de marketing. Marketing deve estar estruturado em bases reais, potencializando pontos fortes, melhorando os pontos fracos.

A esta altura, com urgência impostergável, as pesquisas são fundamentais para a avaliação da imagem dos prefeitos e a posterior estruturação – quando os elementos registrados acima existirem de fato – do planejamento de marketing.

Pesquisa é o primeiro passo.

Entretanto, tenho me defrontado com pesquisas aplicadas incorretamente, com números totalmente discrepantes e sem apresentação de relatório descritivo que deve anteceder a demonstração dos números e dos gráficos.

Afora isso, é fácil notar erros metodológicos na “feitura” das pesquisas quantitativas. Não vou nem discutir as pesquisas qualitativas, tão faladas, mas pessimamente aplicadas por exigirem mais complexidade (e conhecimentos teóricos e práticos) daqueles que coordenam os grupos de discussão.

Vale a ressalva: existem na Bahia (capital e interior) institutos sérios, que realizam excelentes trabalhos e subsidiam corretamente os profissionais que atuam na área estratégica.

Mas, preferencialmente, os políticos acabam contratando os mais baratos, portanto, menos confiáveis.

A hora é esta para reposicionar a imagem dos gestores municipais. O tempo trabalha contra aqueles que esqueceram que a construção imagética é algo a ser feito ao longo do mandato, dentre da lei, com a utilização dos recursos públicos, a partir da estruturação de um adequado planejamento de marketing, que esteja em consonância com as ações administrativas.

Estudos da Ciência Política indicam que reprovações de gestores públicos acima de 40% complicam e, até mesmo impedem, a reeleição.

Certamente, a avaliação negativa está baseada em elementos concretos ou na baixa percepção do cidadão.

Algumas perguntas se impõem: O eleitor reprova a administração porque não foi informado corretamente? O modelo dialógico da prefeitura está correto? A personalidade e o nível de centralização do gestor impedem a dinâmica administrativa? As promessas de campanha foram cumpridas? O grupo político continua unido ou se dispersou ao longo do mandato?

A política já não é mais um espaço para amadores. Quem não se profissionalizar estará fadado ao fracasso.

O jogo está sendo jogado. E o tempo passa muito rapidamente.

O dia 2 de outubro chegará mais depressa do que se imagina.

*Especialista em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública (UCSAL-2006)

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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