Grupo luta para incluir remédio no SUS

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Funcionários e voluntários do Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (Naspec), localizado no Engenho Velho de Brotas, organizam uma mobilização para alertar sobre a necessidade de o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporar o medicamento Cetuximabe, utilizado para tratamento de câncer colorretal metastático.

De acordo com a coordenadora de enfermagem da unidade, Kátia Baldini, somente no Naspec, há 60 deles com a patologia. A maioria dos pacientes acolhidos teve um diagnóstico tardio. O núcleo acolhe pacientes carentes do interior do estado que vêm fazer o tratamento na capital.

No final deste mês, segundo Kátia, haverá uma reunião na entidade para traçar ações para a mobilização em prol da incorporação do Cetuximabe na rede pública.

O câncer colorretal, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável, caso seja detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos.

O remédio, utilizado em outros países, é apontado como uma droga que bloqueia o crescimento das células tumorais de maneira precisa, preservando os tecidos saudáveis.

“Esse medicamento dá uma sobrevida ao paciente com qualidade de vida. Ele pode ter uma vida normal. Com as outras medicações, há efeitos colaterais mais graves e tóxicos. A não incorporação dele é um problema sério, em nível nacional”, disse.

Segundo informações da entidade, no final de outubro do ano passado, o Ministério da Saúde (MS), por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), teria negado um pedido de inclusão do medicamento na rede pública.

A decisão de não incorporar foi publicada pelo ministério por meio da portaria 64/2015 do Diário Oficial da União, de acordo com o Instituto Oncoguia, uma ONG que trabalha com pacientes com câncer. Procurado pela reportagem, o ministério não se pronunciou sobre o caso relativo ao Cetuximabe.

“Cetuximabe é uma droga que tem tido uma resposta muito boa para os pacientes e é utilizado em todo o mundo. Só o Brasil que não incorporou. Não é por causa de comprovação técnica. É uma questão orçamentária do ministério”, acrescentou Kátia Baldini.

A coordenadora de enfermagem disse que há muitos casos em que pacientes com planos de saúde conseguem, por meio da Justiça, obter o medicamento, financiado pelo convênio médico. No caso do SUS, a demora da judicialização dificulta o tratamento.

Comprovação

“Diversos estudos já comprovaram o benefício desse tratamento em pacientes com câncer colorretal metastático com gene RAS selvagem. Um deles, o estudo Fire-3, mostrou que pelo menos metade dos pacientes pode sobreviver por mais de 33 meses.

Já o estudo Crystal mostrou que o tratamento com Cetuximabe manteve a qualidade de vida dos pacientes”, destacou, por meio de nota, a assessoria da entidade.

“O acesso a terapias inovadoras no Brasil precisa ser debatido. Não podemos aceitar mais uma recusa à incorporação de um medicamento que pode dar ao paciente mais tempo e qualidade de vida. Mais de 12 mil pacientes em estágio metastático do câncer colorretal estão em tratamento no SUS”, comentou, também por meio de nota, a presidente do Naspec, Romilza Medrado.

O Naspec dispõe de 72 leitos para os pacientes e 80 para acomodação de acompanhantes. No local, trabalham 300 voluntários. Segundo o Inca, há uma estimativa de 34.280 novos casos, sendo 16.660 homens e 17.620 mulheres.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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