Governo estuda usar FGTS para garantir crédito consignado

Ministro da Fazenda Nelson Barbosa

Entre as várias iniciativas estudadas pelo governo para tentar ajudar na retomada da economia, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou que estuda permitir que, em caso de demissão do trabalhador, parte da multa do FGTS possa ser usada para pagar o crédito consignado. A operação mira os trabalhadores do setor privado.

Com a medida, o risco de inadimplência cai, bancos poderão emprestar com juros menores e, assim, a demanda pela operação poderá crescer, aposta Barbosa. Antes de deixar o Fórum Econômico Mundial, o ministro disse aos jornalistas que o sistema financeiro sugeriu ao governo a adoção da medida, que daria garantia extra aos bancos na hora de emprestar.

“Quem defendeu a medida diz que, em período de alta do desemprego, o crédito para trabalhadores privados poderia se beneficiar”, disse o ministro. A medida em estudo no governo prevê que o trabalhador do setor privado apresente a conta do FGTS como garantia para o crédito consignado. Em caso de desemprego desse trabalhador, parte da multa gerada pela demissão – que equivale a 40% sobre o saldo do FGTS – seria usada para quitar o consignado com o banco.

Entre os estudos no governo, está a avaliação de usar faixa entre 60% e 70% da multa para esse fim. Com essa garantia extra dada ao banco, o risco de calote cai e, em troca, o custo da operação poderia ser menor. “Isso é uma forma de diminuir o risco e diminuir a taxa de juro para o consignado do setor privado”, resumiu Barbosa.

O ministro lembra que, no crédito ao consumidor, “a demanda é que está pequena”. “Não há problema de oferta”, disse Barbosa. Mais crédito diante dessa realidade, o governo entende que, se os bancos oferecessem crédito mais barato, mais trabalhadores poderiam tomar os recursos. Assim, ajudariam na retomada da economia. Atualmente, explicou o ministro, o governo avalia o potencial da operação e o impacto de redução do custo desse crédito. Nenhuma decisão foi tomada ainda. Os trabalhadores do serviço público não seriam beneficiados diretamente pela medida porque já contam com estabilidade no emprego – o que é uma garantia e permite aos bancos cobrar menos desse segmento.

Famílias endividadas

No ano passado, houve uma redução no total de famílias endividadas em 1,3%, na comparação com os dados de 2014. Apesar da queda, 61,1% das famílias brasileiras, em média, passaram 2015 com o orçamento comprometido, e houve aumento nos indicadores de inadimplência, principalmente no último trimestre do ano, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O número médio de famílias com contas ou dívidas em atraso (inadimplentes) alcançou 20,9% do total (1 em cada 5 famílias) – alta de 8,4% em relação a 2014.

Já o total de famílias que relataram não ter perspectiva de pagar suas contas em atraso alcançou 7,7% do total – aumento de 23,2% em comparação com o ano anterior. Ao final de 2015, a taxa chegou a 8,7% das famílias – a maior para um mês de dezembro desde o início da série histórica, em 2010.

“Mesmo tendo alcançado o menor patamar da série histórica em fevereiro de 2015, o número de famílias com contas em atraso aumentou ao longo do ano, acompanhando a piora nos indicadores de emprego e renda, assim como o aumento da inflação e o encarecimento do crédito”, diz a economista da CNC Marianne Hanson.

Fonte: Correio*

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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