Na crise, inquilinos têm o poder de barganha

aluguel

Atraente para quem procura um local para morar, o mercado imobiliário não está dos mais fáceis para os locatários. Com a crise econômica e a manutenção dos preços de condomínio, muitos donos de imóvel estão sendo forçados a baixar o valor do aluguel para conseguir inquilinos.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Samuel Prado, os inquilinos estão negociando mais os contratos de renovação, e o número de ofertas de imóveis está maior do que a demanda, o que baixa o valor dos aluguéis.

“Muitos donos de imóvel estão oferecendo benefícios, como carência de um ou dois meses, pagamento de IPTU, uma série de vantagens. E, mesmo assim, 20% da minha carta de clientes não consegue alugar”, disse.

Um dos maiores vilões, segundo Prado, é o valor dos condomínios, que permaneceram altos ou até subiram. “Fica mais difícil manter o valor do aluguel mais alto. Existem casos em que o locatário negocia o valor do aluguel após o aumento do condomínio”, diz.

Recém-mudado para o Rio Vermelho, Políbio Neto comprova a teoria. O engenheiro, de 26 anos, divide apartamento com dois colegas e decidiu que sairia da Graça, onde morava até novembro, para um lugar mais em conta. O valor do condomínio pesou.

“Decidimos nos mudar por conta da crise econômica. Não sabemos se amanhã estaremos empregados, então optamos por reduzir as despesas para termos um ‘caixa’ caso algo acontecesse. Esperávamos que tanto o aluguel quanto o condomínio subissem. E o condomínio não tem como negociar”, disse.

Com a mudança, a estimativa de Políbio é que os três amigos economizem juntos de R$ 500 a R$ 800 por mês, ou cerca de R$ 10 mil ao ano.

De acordo com o índice Fipe Zap, o valor do m² no Rio Vermelho é de R$ 24, quase R$ 10 mais barato do que algumas regiões da Barra e Graça.  E a negociação com o proprietário ajudou no momento de fechar negócio. “A oferta realmente está grande, mas boa parte dos imóveis que estão no mercado está em boas condições. Por isso a gente pesquisou bastante e discutiu muito com os proprietários para ver qual proposta, a longo prazo, seria mais vantajosa para nós”, explicou o engenheiro.

Salas em cheque

Embora não acredite que a crise esteja tão forte no setor residencial, o empresário do setor imobiliário Sérgio Sampaio acredita que os pontos comerciais estejam sentindo mais fortemente esse impacto.

“O mercado de venda está ruim porque há restrição de financiamento. Quem não está conseguindo comprar ou pagar a casa própria precisa morar, e o único caminho é alugar. O maior problema que vejo hoje é no setor comercial, porque as lojas estão fechando, empresas estão diminuindo de tamanho e não há perspectiva a curto prazo que isso se resolva”, explicou.

Ainda assim, o empresário acredita que a melhor opção para o locatário de imóveis comerciais é, assim como os residenciais, baixar um pouco o valor do aluguel e oferecer benefícios ao locador, como carência e isenção de IPTU.

Dicas para quem precisa se mudar

Pesquisa – Procure a região que tenha o m² mais próximo do que você pode gastar

Barganha – Nem todos os imóveis estão em perfeito estado. Veja o que você consegue abater do aluguel

Negócio – Se o preço do condomínio estiver muito alto, tente negociar uma redução do valor do aluguel

Carência – Verifique os benefícios oferecidos, como carência e isenção de IPTU

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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