Crescimento é centro de novo discurso de Levy
Sete meses após assumir o Ministério da Fazenda, o ministro Joaquim Levy iniciou uma mudança de discurso. Depois de priorizar o ajuste nas contas públicas, frustrado por um cenário econômico e político pior que o esperado inicialmente, Levy começa a dar ênfase ao chamado “pós-ajuste”.
Desde o fim de julho, quando o governo anunciou a redução na meta de economia do governo para pagamento da dívida pública (superavit primário), de 1,1% para 0,15% do PIB, o ajuste passou a ser tratado como coadjuvante nas falas do ministro.
O tema central passou a ser as medidas que vão ajudar na recuperação do crescimento (veja quadro acima).
virando o disco
A Folha apurou que Levy quer combinar a consolidação do quadro fiscal com uma agenda de longo prazo, pois entende que apenas falar sobre o ajuste já não tem mais efeitos práticos para as expectativas dos agentes econômicos, que pedem outros sinais do governo.
Levy não vai abandonar a defesa da necessidade de ajuste nas contas públicas, pois considera ser necessário manter esse programa para evitar a perda do grau de investimento pelas agências de classificação de risco, mas esse tema terá outra ênfase.
Até recentemente, Levy afirmava que era necessário concluir a votação das medidas fiscais para o PIB voltar a crescer. Agora, tem afirmado que o ajuste é apenas parte do reequilíbrio econômico.
A divulgação da chamada Agenda Brasil, apresentada na semana passada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e que incluiu algumas medidas defendidas pela Fazenda, é uma das ações nesse novo contexto.
Depois da divulgação da agenda, Levy adotou um discurso otimista, ao afirmar que as medidas adotadas pelo governo “reverteram os quadros mais pessimistas -e injustificados- de expectativas”.
TROCA DE FIAÇÃO
O ministro considera que o projeto de reforma do ICMS, que coloca fim à guerra fiscal, é um bom exemplo de medida que destrava investimentos. Para Levy, é preciso priorizar essa e outras medidas que melhorem o ambiente de negócios, o que ele chama de “troca de fiação”.
A mudança no tom ocorre em um momento em que o governo Dilma Rousseff enfrenta um alto índice de rejeição, motivado também por expectativas mais pessimistas para emprego e inflação.
O ajuste nas contas públicas foi, desde o início, alvo de críticas de integrantes do governo, do PT e de congressistas aliados. Também foi bombardeado por movimentos de esquerda e sindicatos, que contribuíram para alterar no Legislativo propostas como a redução de benefícios previdenciários e trabalhistas.
Fonte: Folha de São Paulo