Municípios baianos driblam a crise para fazer o São João
A menos de um mês do São João, o interior baiano vive realidades diferentes. Várias cidades ainda não têm definido se o festejo vai acontecer. Outras cancelaram o arrasta-pé, mas pelo menos 12 cidades que mantêm a tradição optaram por realizá-lo, mesmo com dificuldades relacionadas ao clima e à crise econômica.
Para viabilizar a festa, prefeitos reduziram a programação e cortaram custos. No Recôncavo, apesar da chuva que atingiu a região, só Santo Amaro cancelou a festa. Cachoeira, Cruz das Almas, Amargosa e Santo Antônio de Jesus já confirmaram.
Apesar de dificuldades financeiras, o São João de Senhor do Bonfim está mantido. Prefeito da cidade, Edvaldo Correia (PTN) diz que a principal arrecadação vem do Fundo de Participação dos Municípios e que a receita não acompanha o crescimento da região: “Tem que fazer sacrifício para manter a festa. Há promessas de patrocínio, mas até as cervejarias têm se escusado”.
Em 2014, a dupla Cesár Menotti & Fabiano e Pablo tocaram por lá. Este ano, a prefeitura focará em atrações de forró. “Nossa festa é tradicional e a proposta é fazer boa, com custo menor. Além disso, o Ministério Público também recomendou que os gastos fossem reduzidos”, acrescentou, em nota, a assessoria da prefeitura, que pretende gastar de R$ 850 mil a R$ 1 milhão.
Em Santo Antônio de Jesus, a prefeitura deve gastar mais de meio milhão de reais com a contratação de cinco das 40 atrações. Só os cachês das bandas de pagode Sorriso Maroto e Raça Negra somam R$ 348 mil dos R$ 638 mil já investidos.
Gildásio Cavalcante, da assessoria municipal, informou, por telefone, que não pode comentar valores antes do lançamento oficial da festa, próxima quarta-feira, quando gastos e atrações serão divulgados.
A empresa Pizani, de Goiânia (GO), organiza a festa de Santo Antônio de Jesus. Tiago Portari, coordenador geral de produção, disse, sobre os cachês, que tudo é licitado e em conformidade com a lei.
“Sobre cinco bandas custarem meio milhão, podemos comparar com o cachê da dupla Jorge & Matheus, de R$ 450 mil. A organização da festa contratou cinco bandas de peso por valor quase igual”, defendeu ele.
Pittari salientou que, mesmo em meio à crise, o motivo para a festa é o contínuo fortalecimento da cultura regional, além da movimentação da economia local.
Em Castro Alves, a prefeitura confirmou a festa. A programação foi escolhida de acordo com as possibilidades da cidade.
Em nota no site do município, o prefeito Cloves Rocha (PSD) afirmou que “o governo federal já anunciou corte de gastos e, claro, isso afeta todos os municípios, inclusive Castro Alves”.
E complementou: “Por isso, vamos realizar três dias de festa com boas atrações, mas respeitando o nosso limite financeiro”.
Edital
No último dia 25, a Bahiatursa lançou um edital de chamamento público, que se estenderá até amanhã, para seleção de até 170 projetos de apoio aos festejos juninos. O órgão selecionará também propostas de bandas e artistas de forró.
Anteontem, as promotoras de justiça Rita Tourinho e Patrícia Medrado, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do Ministério Público baiano (Gepam/MP-BA), recomendam a suspensão da seleção. Segundo elas, a Bahiatursa deve demonstrar, no prazo de 5 dias, “a razoabilidade dos gastos frente ao orçamento do Estado”.
O diretor superintendente da Bahiatursa, Diogo Medrado, disse ao A TARDE que encaminhou o pedido à Procuradoria Geral do Estado (PGE) e responderá dentro do prazo.
O gestor se disse “surpreso com o questionamento a um investimento em uma das festas mais tradicionais da Bahia, e que já ocorre há muitos anos”.
Festas na Bahia
Confirmados
- Amargosa
- Senhor do Bonfim
- Jequié
- Irecê
- Santo Antônio de Jesus
- Mata de São João
- Camaçari
- Cruz das Almas
- Mucugê
- Cachoeira
- Valença
- Castro Alves
Cancelaram
- Candeias
- Sento Sé
- Santo Amaro
Ainda não se posicionaram
- Ruy Barbosa
- Utinga
- Wagner
- Itapicuru
Fonte: A Tarde