Os bilionários brasileiros com contas secretas na Suíça

Um vazamento de informações no braço suíço do HSBC revelou que o banco ajudou mais de 100 mil clientes a abrirem contras secretas na Suíça. Os documentos trazem informações sobre a movimentação de contas bancárias entre 1988 e 2007, que somam mais de US$ 100 bilhões em depósitos.

O Brasil aparece em quarto lugar entre os países com maior número de clientes com contas secretas no banco, registradas desde a década de 1970 até o ano de 2006. Mais de 8,7 mil brasileiros depositaram US$ 7 bilhões no período.

Dois bilionários brasileiros já foram identificados, Edmond Safra e membros da família Steinbruch.

Edmond Safra

Descendente de uma família síria de banqueiros, Edmond Safra estabeleceu um império bancário em países como Brasil, Suíça e Estados Unidos.

Em 1999, ele vendeu suas ações na Republic New York Corporation e no Safra Republic Holdings para o banco HSBC em Londres, por US$ 10,3 bilhões.

Como resultado, os valores dos clientes internacionais do Safra foram transferidos para o braço suíço do HSBC. Ele faleceu meses depois.

Segundo os documentos, Edmond Safra tinha ligações com sete contas, abertas entre 1988 e 1999. Em 2006, o valor total depositado era de US$ 5,3 bilhões.

Lily Safra, sua esposa, também tinha US$ 4,6 milhões espalhados em seis contas, segundo os documentos. Ela também estava conectada a outras quatro contas, associadas a seu marido, em 2006.

Um porta-voz de Lily Safra afirmou ao Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ) que “qualquer conta possuída pela senhora Safra ou a Fundação Edmond J. Safra foram abertas somente para propósitos normais e legais, para gerenciamento de assuntos de família ou negócios”.

A família Steinbruch

Diversos membros da família Steinbruch, fundadores do conglomerado Vicunha, também foram identificados. O grupo detém indústrias de tecidos, a Vicunha Têxtil, e de aço, a Vicunha Siderurgia, que controla a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) e o banco Fibra.

Os dois irmãos herdeiros do império, Mendel e Eliezer, eram clientes do HSBC. Mendel era beneficiário de seis contas e foi conectado a outras cinco. Os dois irmãos faleceram em 1994 e 2008, respectivamente. 

A esposa de Mendel, Dorothea Steinbruch, controlava parte do conglomerado e também era cliente do banco. Ela foi ligada a doze contas diferentes. Todos os seus filhos também são clientes do banco, segundo a ICIJ.

Clarice, Leo e Fabio já tinham sido listados em outra investigação da ICIJ. Em 2013, o consórcio de jornalismo investigativo divulgou, em parceria com 38 veículos, uma lista de milionários com contas secretas nas Ilhas Virgens Britânicas, outro paraíso fiscal. Eles aparecem como acionistas e diretores da empresa Peak Management Inc.

Leo Steinbruch respondera ao ICIJ, na ocasião, que “a Peak Management existe, é ativa, foi declarada nos formulários de impostos de seus controladores e foi devidamente divulgada ao Banco Central brasileiro como um investimento estrangeiro”.

Swissleaks

Os papéis foram obtidos a partir de uma lista roubada dos escritórios do banco em Genebra por um ex-funcionário, Hervé Falciani, em 2008, e entregue para as autoridades francesas.

O Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ) teve acesso a esses dados e publicou uma lista de personalidades que mantinham contas numeradas e secretas no segundo maior banco do mundo, em uma reportagem chamada Swissleaks.

Os dados revelam como o HSBC facilitou a abertura de contas, sem perguntar a origem do dinheiro e que, em muitos casos, ajudou a evadir impostos.

Além de nomes internacionais como Fernando Alonso, Emilio Botin, David Bowie, Tina Turner ou o Rei Abdallah, da Jordânia, traficantes de drogas e armas e suspeitos de ligações com atividades terroristas também mantiveram contas secretas no banco. 

Fonte: Exame

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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