Itamaraty paga até R$ 70 mil de aluguel para moradia de embaixadores

Enquanto diplomatas se queixam do aperto orçamentário no Itamaraty, o Brasil desembolsa valores volumosos para a moradia de alguns de seus embaixadores. O país gasta R$ 70 mil de aluguel mensal para a embaixadora Regina Dunlop, que representa o país junto à ONU, em Genebra (Suíça).

Em Tel Aviv (Israel), o aluguel da residência do embaixador Henrique Sardinha Pinto tem o mesmo valor: R$ 70 mil por mês.

A casa em Teerã (Irã) onde mora o embaixador Santiago Mourão tem valor superior a R$ 68 mil. Para a residência do embaixador em Cingapura, Luís Fernando Serra, são outros R$ 67 mil mensais. Os valores foram obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação.

Com mais de 220 postos no exterior, o Itamaraty tem desembolso mensal de cerca de R$ 4 milhões só para o aluguel de residências para embaixadores e cônsules-gerais.

Nos postos onde o governo brasileiro não tem imóveis próprios para alocar as famílias de seus altos diplomatas, o governo dá auxílio-moradia. São 155 imóveis alugados por chefes de embaixadas, consulados e missões.

Altos diplomatas brasileiros costumam receber do governo um subsídio para habitação superior à média oferecida por grandes empresas privadas a seus presidentes e diretores.

Enquanto companhias do setor privado alocam seus altos executivos em Nova York em imóveis alugados por no máximo R$ 44 mil por mês, segundo tabela da consultoria Ernst & Young, o Itamaraty paga mais de R$ 59 mil para a moradia do embaixador Guilherme Patriota, como a Folha mostrou em janeiro.

Em Tóquio, o valor praticado por empresas no aluguel da moradia de altos executivos varia de R$ 25,7 mil a R$ 30,8 mil. Mas no Itamaraty, o desembolso para a casa do cônsul supera R$ 40 mil.

A base de comparação para o setor privado usa dados do Page Group, multinacional especializada em recrutamento de executivos.

Em alguns postos há equilíbrio, como Madri, onde a residência do cônsul-geral tem um custo de quase R$ 19 mil, valor inferior ao auxílio-moradia concedido por empresas a diretores e presidentes (teto em torno de R$ 22 mil).

COPEIRO

Além dos altos aluguéis, o topo da hierarquia também conta com a contratação de serviços domésticos. Questionado por meio de sua assessoria de imprensa, o Itamaraty não informa quantos motoristas, jardineiros, garçons, cozinheiros e faxineiros cada residência pode contratar.

O órgão diz que “as solicitações de contratação de serviços e pessoal de apoio são analisadas de acordo com a funcionalidade do imóvel e suas dimensões”.

“Cumpre ressaltar que com o agravamento da situação de insegurança no mundo, a contratação de empresas de segurança se faz necessária em todos as cidades onde não haja fornecimento de segurança institucional por parte dos governos locais.”

Um embaixador alocado na Europa ouvido pela Folha diz que os recursos poderiam ser mais bem aproveitados se o governo criasse um projeto para adquirir imóveis ao longo dos anos, deixando de pagar aluguéis.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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