Tomara que Dilma e Aécio tenham aprendido com campanhas negativas

Na reta final da eleição, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) resolveu interferir na estratégia dos candidatos no rádio e na TV. Impôs restrições às campanhas no horário eleitoral gratuito.

O TSE decidiu autorizar somente campanha propositiva. Condenou ataques que, no seu entender, seriam abaixo da linha da cintura. Para piorar, limitou o uso de material jornalístico, o que é uma forma de censura prévia.

Em resumo, tratou o eleitor como um despreparado que não saberia identificar, analisar, aprovar ou reprovar um ataque na propaganda política. Para o bem do eleitorado, a decisão do TSE veio tarde.

A chamada campanha negativa, aquela em que um candidato destaca os supostos defeitos do adversário, é um instrumento importante para o eleitor formar a sua opinião. Claro que campanhas propositivas são fundamentais, pois detalham projetos sobre o futuro.

No entanto, boa parte das propostas não sai do papel diante da realidade de governar. As promessas dificilmente cabem todas no Orçamento.

Nesse contexto, a campanha negativa é mais honesta com o eleitor. Quando um candidato se dispõe a disparar seu arsenal contra um adversário, ele também está correndo risco. Pode se desmoralizar. O cidadão sabe separar o joio do trigo.

É paternalista a atitude de condenar a estratégia de desconstrução de um candidato ou de um governo. A presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) fizeram, respectivamente, exatamente isso. A imprensa age assim o tempo todo.

A eleição é o momento, sim, do debate mais acalorado. O vice-presidente da República, Michel Temer, define a contenda eleitoral dessa forma: “É um corredor polonês onde vão buscar o que o sujeito fazia aos cinco anos de idade”.

De certa maneira, Dilma disputou pela primeira vez uma eleição. Em 2010, aconteceu praticamente uma nomeação feita por Lula. Agora, ela tinha um governo real pelo qual responder.

Aécio concorreu à Presidência pela primeira vez. É natural que tenha sido mais questionado do que nas campanhas para governador de Minas, senador e deputado federal.

O eleitor ganhou mais com o “corredor polonês” do que com a intervenção paternalista da Justiça Eleitoral. Na corrida presidencial de 2014, as campanhas negativas prestaram um serviço à democracia. Tomara que o vencedor tenha aprendido lições úteis para governar.

Fonte: Blog do Kennedy

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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