Dez municípios têm 9% de todo o valor da produção agrícola brasileira

Apenas dez cidades concentram 9,4% de todo o valor de produção agrícola do país. Sorriso (MT), pelo terceiro ano seguido, liderou. Os produtos agrícolas que saíram das fazendas deste município atingiram R$ 9,97 bilhões, 86% a mais do que em 2020.

Este foi, seguramente, um dos anos mais rentáveis, com o valor total da produção agrícola nacional somando R$ 743,3 bilhões, uma evolução de 59% em relação ao valor do ano anterior.

Essa explosão de renda ocorre em um ano em que a produção agrícola total do país interrompeu o período de recordes, e caiu para 254 milhões de toneladas. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia).

Esse volume recorde de dinheiro conseguido pelos agricultores ocorreu devido a uma disparada dos preços, provocada por uma procura intensa por alimentos nesses tempos de pandemia e por uma aceleração forte do dólar.

Este, ao subir, torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo e favorece as exportações. Além disso, rende mais reais para os exportadores. Traz para dentro do país, contudo, as pressões externas de preço.

A renda agrícola tem novos caminhos e segue cada vez mais para o Centro-Oeste brasileiro. Das dez principais cidades produtoras, sete estão em Mato Grosso, duas na Bahia e uma em Goiás.

Isso torna Mato Grosso o estado com maior valor da produção agrícola do país, atingindo R$ 149,3 bilhões, 94% a mais do que em 2020. Rio Grande do Sul, após a quebra de safra em 2020, se recuperou no ano passado e ficou com a segunda posição, mas com evolução maior. As receitas somaram R$ 81 bilhões, com alta de 166%.

Paraná, que ocupava o segundo lugar, recuou para o quarto, com receitas de R$ 72 bilhões. Devido a seca e geada, o estado produziu um volume de grãos 16% inferior ao do ano anterior.

Como vem ocorrendo constantemente, a soja é a líder da produção nacional. No ano passado, a produção de 134 milhões de toneladas rendeu R$ 342 bilhões dentro da porteira, 102% a mais do que no ano anterior.

O milho vem a seguir, com receitas de R$ 116,4 bilhões, com alta de 61%. A safra do ano passado do cereal foi afetada por seca e geada, o que reduziu a produtividade das lavouras de inverno.

Os preços praticados em 2021 foram tão bons para os agricultores que o país reduziu em 16% a área de plantio de algodão, colheu 19% a menos, mas o valor da produção dessa fibra superou em 39% o do período anterior.

Sorriso (MT) detém as maiores receitas nacionais em soja e em milho; Patrocínio (MG) é a principal em café; Itapeva (SP) lidera em trigo.

Entre os municípios brasileiros, 45 obtiveram um valor de produção superior a R$ 2 bilhões no ano passado.

A grande maioria dos municípios brasileiros depende da renda agrícola. São poucos, porém, os que estão na linha superior das receitas. Pelo menos 72% deles tiveram um valor de produção inferior a R$ 100 milhões em 2021. Já dez deles superaram R$ 5 bilhões cada um no período.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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