Mercado do Peixe: população deixa de comprar frutos do mar por medo de contaminação

Boxes cheios e corredores vazios. Este é o cenário do Mercado Popular (ou Mercado do Peixe), em Água de Meninos, no bairro do Comércio, em Salvador. As manchas de óleo que atingem o mar do litoral nordestino, desde o início de setembro, podem ser um dos motivos do distanciamento dos clientes em relação às compras de produtos de origem marítima.

Na tarde desta terça-feira (22), o bahia.ba esteve no mercado e observou que a cena é de tristeza. Os boxes estão cheios de produtos, tanto de peixe quanto de crustáceos, mas praticamente não há clientes. “Apesar de ser terça-feira, o movimento tem sido isso aqui todos os dias. As pessoas estão com medo de consumir peixes”, disse o comerciante Antônio Carlos. Os vendedores reclamam que as informações são passadas de maneira errada e que os peixes dali não são da costa nordestina, portanto “não precisa se preocupar com qualquer tipo de contaminação”.

“Os nossos peixes vêm de fora. Todos os dias chegam caminhões aqui no mercado bem cedinho com peixes frescos. A população não precisa ter medo de comer, afinal os pescados daqui são de origem confiável e não teve nenhum contato com esse tal óleo”, desabafou José Carlos, que vende peixe há 51 anos e nunca viu uma situação dessas. “Antes desses boatos eu conseguia vender, dos meus 500 quilos de peixe, cerca de 100 quilos por dia, quando o movimento estava fraco. Hoje, por exemplo, não consegui vender nem 10 quilos”.

Antônio Carlos vende peixes no local há mais ou menos 15 anos. Ele contou ao bahia.ba que as vendas diminuíram cerca de 30%. “As pessoas ainda procuram pelos crustáceos [camarão, caranguejo, lagosta], mas por peixe você pode ver que as prateleiras estão cheias”, contou o comerciante.

A venda de crustáceos, como o camarão, não diminui, segundo o vendedor Antônio Carlos. Ele disse que a população trocou o peixe por produtos como este. (Foto: Bianca Rocha/bahia.ba)
A venda de crustáceos, como camarão, não diminui, segundo o vendedor Antônio Carlos. Ele disse que a população trocou o peixe por produtos como este. (Foto: Bianca Rocha/bahia.ba)

 

O Mercado Popular funciona de domingo a domingo, sempre das 6h às 17h. Na tarde desta terça, os corredores estavam completamente vazios. Em mais ou menos uma hora em que a equipe esteve no local, apenas um cliente chegou e comprou algum produto. “A gente fica com medo, mas não deixa de comprar. Eu continuo comendo e comprando frutos do mar normalmente. O segredo é saber qual a procedência. Como eu sei que aqui no mercado os peixes vêm de fora, fico mais tranquilo em comprar o produto e levar para casa”, disse o rodoviário Adriano Ribeiro.

Segundo o último relatório da Bahia Pesca, órgão ligado à Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação e Pesca (Seagri), a pesca foi comprometida nas principais praias do litoral norte da Bahia. A orientação do órgão é de que pescadores evitem a captura e a comercialização de mariscos. A instituição não possui ainda uma opinião sobre a qualidade dos pescados e informou ao bahia.ba que ainda nesta semana uma equipe técnica colherá amostras de peixes e mariscos das regiões afetadas para avaliar a qualidade dos pescados.

 

Fonte: bahia.ba

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo