Supremacia do Google motiva protestos e desconfiança

Uma das maneiras de ver o Google é como um assistente executivo extremamente prestativo, onisciente e hiperinteligente. Ele é capaz de lembrá-lo do horário do seu voo, abrir o cartão de embarque eletrônico quando você chega ao aeroporto e ainda oferecer o melhor caminho até o hotel quando você chega ao seu destino.

Se aquilo que a empresa exibiu em um evento para desenvolvedores no mês de junho é uma visão verdadeira do futuro da humanidade, muito em breve o Google vai ser parte ainda mais profunda de nossas vidas, presente em praticamente todos os aparelhos que pudermos encontrar.

O software estará à sua disposição para sanar qualquer curiosidade boba, ou acompanha-lo em todas as tarefas, na hora que você desejar.

Trata-se de uma agenda pessoal com um alcance enorme – e isso pode ser justamente o maior problema. Para uma empresa cujo futuro depende da disposição das pessoas em entregar voluntariamente suas informações em troca de serviços úteis pela internet, as ambições ilimitadas do Google podem se tornar sua grande dificuldade. Com seu alcance absolutamente global, a empresa estaria tentando ser tão grande que pode acabar ficando assustadora, ao invés de prestativa – sabe aquela história do assistente que ficou poderoso e sabe demais?

“Acredito que a tecnologia esteja mudando muito a vida das pessoas e já sentimos isso”, afirmou Larry Page, um dos fundadores do Google e executivo-chefe da empresa, em uma entrevista no evento realizado em San Francisco.

Page descreveu o Android e o Chrome, o sistema operacional e o navegador da empresa, como uma espécie de cola que irá conectar todos os aparelhos que usaremos no futuro. “Estamos falando de um mundo cheio de telas”, afirmou Page. “Acredito que estamos rumando para uma experiência incrível envolvendo diferentes tipos de aparelhos, do relógio à TV, passando pelo laptop, o tablet e o telefone”.

Porém, Page reconhece que a novidade e o escopo desses aparelhos podem gerar preocupações entre os usuários. “Todos sabem que suas vidas serão afetadas, mas ainda não sabemos direito de que maneira, uma vez que não usamos todos esses aparelhos – e porque ainda existem muitas incertezas”, completou.

Nos últimos tempos, o Google se tornou um saco de pancadas no que parece ser o surgimento de uma resistência contra a indústria da tecnologia. Em San Francisco, onde o setor de tecnologia contribui para o aumento do preço dos imóveis e para o aprofundamento da desigualdade social, os ônibus repletos de aparelhos eletrônicos do Google utilizados para transportar os funcionários da empresa se tornaram alvo de protestos na região.

A empresa também se tornou a face da intrusão desmedida da tecnologia em nossas vidas sociais. O Google Glass, os óculos de alta tecnologia da empresa, é motivo de piadas frequentes nos programas de TV americanos.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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