Número de estudantes indígenas reduz 19,7% na Uneb
Conforme o anuário publicado pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), do ano de 2017, o índice de estudantes indígenas cotistas caiu 19,7%. A instituição que, em 2014, possuía 269 estudantes cotistas, contava com 216 alunos em levantamento feito em 2016.
De acordo com a Uneb, são reservadas 5% de vagas aos candidatos indígenas (oriundos de escolas públicas) que optarem pela autodeclaração em processos seletivos da instituição. A medida era adotada antes da Lei 12.711/2012 de Cotas para Ensino Superior.
A Universidade Federal da Bahia (Ufba) reserva vagas suplementares, sendo duas para estudantes quilombolas e indígenas aldeados. A instituição ainda não atualizou os dados deste ano, mas a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae) informou quem, em 2017, o número de estudantes cotistas chegou a 128, com possibilidade de aumento para este ano.
Os discentes são pertencentes aos povos Pataxó, Tuxá, Pankararú, kiriri, Tumbalalá, Pataxó Hã Hã Hãe, Xukurú, Payayá e Atikum.
Para Maria das Dores, colaboradora na execução de projeto da ONG Thydêwá, organização pela memória indígena, a diminuição dos números pode ter relação com a migração de estudantes para as universidades federais.
“Sabemos que a possibilidade de estudar em uma universidade traz para o estudante indígena a questão da permanência. Como as universidades federais são as únicas que têm o auxílio financeiro, muitos estudantes podem ter evadido ou ter maior interesse por essas instituições”, aponta.
Com a interiorização das universidades federais, mais próximas dos indígenas aldeados, procura por estudantes indígenas é mais intensa.
Quantidade
Na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) são 36 estudantes cotistas, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) são 31 estudantes, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) tem maior destaque com 66 estudantes.
A Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) ainda não tem cotistas e, até o fechamento desta edição, a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) não informou o número de cotistas.
Diferentemente da realidade dos estudantes indígenas das federais– que têm vínculo com o MEC e recebem a bolsa de 900 reais– os estudantes cotistas da Uneb não contam com o benefício.
Valéria Truká, da Ilha de Assunção, localizada no município de Cabrobó/PE, é estudante de nutrição, chegou em Salvador há 14 anos e enfrenta dificuldades para permanecer no curso sem o auxílio. “As pessoas dizem que a gente não gosta de trabalhar, que ganhamos dinheiro do governo para não fazer nada”, relata.
Ela é coordenadora do Núcleo de Estudantes Indígenas (NIU) conta que além da dificuldade financeira, estudantes cotistas teriam dificuldades de aprendizado e alto índice deles desenvolvem depressão.
“Estamos brigando junto aos estudantes das federais para garantir direitos. No último semestre, a Uneb recebeu 301 estudantes, e só 10% recebem um suporte da instituição”, conta a coordenadora.
Fonte: A Tarde