Paulo Souto e o teto nas pequisas – Maurílio Lopes Fontes*

Ao longo de 20 anos de atuação na área de marketing político aprendi uma máxima, que a despeito das características de cada campanha eleitoral, costuma valer para as disputas majoritárias: alta intenção de voto na largada, quase sempre, complica as trajetórias dos candidatos, porque naturalmente não se consegue mantê-la ao longo do percurso.

Este parece ser o caso do ex-governador Paulo Souto (DEM), que exerceu a chefia do executivo baiano por dois mandatos, a vice-governadoria por um período, além do Senado e funções na máquina pública estadual em nível de secretaria. O seu recall, índice de lembrança do eleitor por conta de antiga exposição na mídia, naturalmente concede-lhe vantagens iniciais quanto às opções dos eleitores.

Mas qual a proporção de votos cristalizados? Qual sua rejeição? Na Ciência Política, assim como no embate eleitoral, não existem verdades absolutas, mas a partir de indícios é possível construir raciocínios, que se confirmarão ou não no dia do sufrágio, a depender de inúmeros fatores.

Paulo Souto, se for o escolhido pelos partidos oposicionistas, terá grandes dificuldades para crescer na campanha eleitoral (não há espaço para curvas ascendentes com três candidaturas) e tenderá a cair, porque índices de intenção de voto não são estáticos. Como dificilmente crescerá acima dos números atuais, só restará à sua candidatura uma única equação: regredir ao longo do processo eleitoral, apesar do curto espaço de tempo das campanhas de 2014.

Tal análise não implica uma opção por qualquer outra candidatura. A partir deste texto começa-se a traçar um panorama das eleições ao Palácio de Ondina, que em 2014 revestem-se de características singulares, inexistentes nos últimos pleitos, quando o embate direto se deu entre o atual governador petista, Jaques Wagner, e o ex-governador Souto.

O que se apresenta como uma vantagem inicial – elevados índices de intenção de voto – e determinante de sua possível escolha pelos partidos oposicionistas, poderá se revelar como um bumerangue às avessas, voltando-se contra Souto em movimentos que ele não conseguirá controlar.

Se o eleitor quer novidade, Souto representa a antítese desta demanda. Se existe o desejo latente de mudança, ele conseguirá se transformar no candidato a aglutinar em torno de si estas expectativas? Qual o nível de confiança do eleitor em sua possível vitória?

Esta é uma variável relevante, agora e ao longo da campanha, que será renhida e extremamente dura para todos os candidatos.

Em mundo no qual as novidades se apresentam como mais palatáveis aos eleitores, a candidatura de Paulo Souto poderá enfrentar intensas barreiras até o dia 5 de Outubro.

* Especialista em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública (UCSAL/2006)

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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