5 de 7 bancos públicos elevam supersalários de diretores muito acima da inflação

Todos os bancos públicos comerciais listados na BM&FBovespa que prestaram contas à Comissão de Valores Mobiliários – ou cinco dos sete existentes no País – preveem aumentar a remuneração fixa de seus diretores executivos em 2015 bem acima da inflação.

O maior reajuste é do Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal, que elevou em 80,8% as previsões, de R$ 577,8 mil para R$ 1,044 milhão por diretor – montantes que incluem o INSS patronal.

O BRB argumenta que o aumento decorre do corte no número de diretores, de 14 para 8, e que o valor total a ser dispendido com a remuneração fixa desses funcionários ficou inalterado, em R$ 8,4 milhões. Além disso, alega que no 1º semestre o valor efetivamente pago foi 6% menor que o de 2014. “A tendência é de que o total das despesas com remuneração fixa dos diretores estatutários em 2015 seja, inclusive, inferior ao ano de 2014”, informa o banco.

Dos 7 bancos listados na bolsa brasileira e que prestaram informações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), todos projetam uma remuneração fixa média por diretor maior que em 2014. Apenas duas instituições preveem aumentos menores do que a inflação de 9,75% estimada pelo mercado para este ano, segundo o último boletim Focus, do Banco Central. O Banpará é o oitavo banco público com capital aberto analisado, mas apesar de ter a obrigação de informar os dados à CVM a instituição não informou dados referentes à previsão de 2014. Questionado pela reportagem, o banco não se pronunciou.

Além do BRB (alta de 80,8%), o Banco da Amazônia prevê reajuste de 29,9% e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) espera aumentar o salário da diretoria em 26,2%. Depois, com aumentos menores de 20%, vêm o Banco de Sergipe (Banese), com alta de 16,3%, e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), que estima uma elevação de 14,6%. Este último banco vive um cenário inapropriado para elevação de salários, com o governo do Estado do Rio Grande Sul que não tem pagado os salários em dia dos servidores e o fato de o governador José Ivo Sartori (PMDB) ter de conviver com o bloqueio das contas do executivo estadual bloqueadas por inadimplência.

Os reajustes previstos pelo Banco do Brasil e do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) foram os mais comedidos para a diretoria. O primeiro prevê reajuste de 1,3%, ao passo que o segundo elevará 8,7%.

O Banco do Brasil informou que não comenta o assunto. Já o Banestes afirma que o “aumento de 8,7% foi realizado indistintamente para todos os empregados do Sistema Financeiro Banestes, em decorrência da convenção coletiva em vigor. Os diretores, assim como todos os empregados, receberam o mesmo percentual”.

O Banco da Amazônia, Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco de Sergipe (Banese), Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) não se posicionaram.

O levantamento foi feito pelo iG a partir das informações que as instituições financeiras prestaram ao mercado, e compara as previsões de remuneração fixa – salário ou pró-labore, benefícios diretos e indiretos participação em comitês e outros valores fixos, em que algumas instituições incluem o INSS patronal, de 22,5% – para 2014 e 2015. 

Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, reclama da disparidade no setor. “É bastante visível que as diretorias enriquecem, pois são elas quem definem seus salários e contam ainda com a remuneração variável. Diretorias têm suas metas, recebem sobre aquilo, mas esquecem que só cumprem tais metas pressionando os bancários, que têm remunerações variáveis irrelevantes perto dos montantes obtidos pelas diretorias.” 

Fonte: Agência Brasil

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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