41% dos eleitores de Bolsonaro consideram o governo Lula ótimo, bom ou regular


A pesquisa de opinião Ipec/O GLOBO revela que o Lula 3 conseguiu agradar, em seus primeiros cinco meses, uma parte relevante dos eleitores que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022. O pleito marcou a disputa mais apertada em uma eleição para presidente no Brasil desde 1989 e chegou ao fim com uma diferença de apenas 1,8 ponto percentual entre os dois candidatos.

Embora a maioria desse segmento da população avalie como ruim ou péssima a atual gestão (56%), o levantamento aponta que 8% desses eleitores classificam hoje o governo como ótimo ou e bom, e 33% como regular, totalizando 41% no universo de eleitores de Bolsonaro que não veem a gestão Lula 3 como negativa. O comportamento dos eleitores bolsonaristas é menos homogêneo do que o observado nos que votaram em Lula no segundo turno.

Entre os que escolheram o petista, 68% consideram seu governo ótimo ou bom e 27% o classificam como regular — percentual próximo ao registrado entre eleitores bolsonaristas. Apenas 3% avaliam a atual gestão petista como ruim ou péssima na pesquisa que tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos dentro de um intervalo de confiança de 95%. O Ipec entrevistou presencialmente 2 mil pessoas entre os dias 1º e 5 de junho.

Outro dado que reforça uma adesão a Lula entre apoiadores de Bolsonaro do pleito passado é que, apesar da polarização política, 19% dos que apertaram 22 nas urnas indicaram aprovar a maneira de governar de Lula. Já 16% dizem confiar no atual presidente.

A pesquisa Ipec também mediu o tamanho do apoio ao governo Lula entre eleitores que votaram em branco ou nulo no segundo turno passado. Nesse grupo, os que apontam que a gestão é ruim ou péssima são minoria: 33%. A maior parte dessa população classifica o governo como regular (43%) e uma parcela menor como ótimo ou bom (17%). Por outro lado, ainda assim, a maioria desaprova a maneira de Lula governar (47%) e não confia no petista (64%).

Impacto

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Observatório Político e Eleitoral (OPEL), o cientista político Josué Medeiros vê o resultado frente a eleitores de Bolsonaro como um reflexo da “força do Estado”, principalmente na população de renda mais baixa, que é mais impactada pelas políticas públicas.

— Bolsonaro aumentou muito sua votação porque estava no poder. E Lula agora no poder consegue pegar uma parte desse eleitorado. A gente tem 30% de cada lado na polarização. Os 40% que sobram se movem pelo impacto das políticas do governo — analisa o pesquisador . — Bolsonaro despejou R$ 300 bilhões no último ano e isso impulsionou sua candidatura nesse setor. E agora Lula com as políticas públicas e os resultados econômicos positivos recupera uma parte.

Bolsa Família

Nos primeiros meses, o governo Lula recriou o Bolsa Família, que substituiu o Auxílio Brasil, instituído no governo Bolsonaro antes das eleições presidenciais do ano passado. O programa foi uma das apostas de Bolsonaro para a disputa à reeleição.

Além de manter um valor mínimo de R$ 600, valor fixado pelo governo anterior, a gestão de Lula anunciou benefícios complementares para o Bolsa Família. A principal mudança é que famílias beneficiárias do programa passaram a receber um adicional de R$ 150 por criança com até seis ano de idade. Dados do governo federal apontam que quase 9 milhões de crianças foram contempladas. Tanto o valor médio (R$ 672,45) quanto o investimento no Bolsa Família são os maiores da história.

A percepção sobre o governo também pode ser impactada pela redução do preço da gasolina e do ritmo da inflação no país. Em maio, a Petrobras reduziu o preço da gasolina e do diesel na refinaria. Uma desaceleração de preços, somada à queda no valor do litro dos combustíveis, afetou a inflação de maio. O Índice de preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês em 0,23%, e a expectativa do mercado é que o índice fique em 5% no fim do ano, próximo ao teto da meta, de 4,75%.

Fonte: O Globo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo