Setor calçadista prevê demissões na Bahia com o fim da desoneração


O fim da política de desoneração da indústria, anunciada pelo governo Temer, fatalmente provocará demissões no setor. O alerta foi feito por Irivan Soares, presidente da BSC e Irmãos Soares, empresas catarinenses que, juntas, empregam 2.600 pessoas na Bahia. “O mercado sozinho não conseguirá absorver o aumento do custo da produção”, explicou.

A marca feminina Suzana Santos é outra que ameaça redução nos quadros. “Não vai restar alternativa. A política de desoneração permitiu que expandíssemos nossas unidades para fora de Santa Catarina. A Bahia nos acolheu, e agora, o que faremos?”, pergunta Almir Santos, sócio da empresa.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico Jaques Wagner, o fim da desoneração é mais uma prova da falta de compromisso social do governo Temer: “De uma tacada só, desagradam empresários e trabalhadores, além de criar um grande problema social. A desoneração fez a roda da economia girar. É possível que ela precise de ajustes, o que é natural, mas não pode ser extinta”.

Retração

Segundo Soares, cuja empresa produz a linha feminina Lia Line, a mão de obra representa até 35% do custo de produção. “Eu pagava 1,5% na folha antes, agora, com esses 20% da reoneração, vai significar quase 4,5% a 5% do faturamento, ou seja, de 1,5% terá acréscimo de 3,5% do faturamento. Terei uma queda de 20% no resultado líquido, descontado do imposto de renda, um impacto muito grande”.

A Irmãos Soares estava prestes a abrir uma unidade fabril em Camacã, no sul da Bahia, com estimativa de contratação de 600 pessoas. Soares lamenta: “com a mudança, esse projeto subiu no telhado”.

A situação da Suzana Santos não é menos complexa. Almir Santos explica que a opção pela Bahia se deu pela ótima qualidade da mão de obra e pelas condições oferecidas pelo governo do estado. “Mas sem dúvida a desoneração ajudou a acelerarmos o crescimento e a contratarmos mais. Sem ela, seremos obrigados a repensar nossos planos”, calcula.
Um exemplo é a fábrica que o grupo acaba de inaugurar em Itapetinga, com 1.600 funcionários. “Será difícil mantê-la em operação”, alerta.

“Perder empresas não está em nosso horizonte”, diz Wagner. “Por orientação do governador Rui Costa, faremos o máximo para criar condições que garantam a permanência na Bahia desses empregos no setor calçadista, mesmo com as políticas equivocadas de Brasília”, finalizou.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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