Segmento voltado a casamento não sofre com a crise

No Brasil, os casamentos já ultrapassaram a marca de um milhão por ano, e são responsáveis por boa parte do crescimento do mercado de eventos que, segundo a Associação Brasileira de Eventos Sociais (Abrafesta), deverá se expandir 6% neste ano.
Segundo empreendedores que atuam no segmento, a crise não tem levado os casais de noivos a desistirem de comemorar o enlace em grande estilo.

A dona da Etiquette – Boutique Du Mariage, Tatiana Gil Benvenuto, conta que entre janeiro e agosto deste ano o negócio já cresceu 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

“As pessoas não estão deixando de fazer cerimônia e festa. Quem vai casar se programa com antecedência e quer uma coisa especial”, afirma. Ela conta que o negócio criado em 2006 ocupa, desde novembro, novo espaço. “Foi praticamente uma reabertura, porque nos mudamos para sede própria, com 250m², o que nos permitiu ampliar a gama de produtos.”

Tatiana diz que a marca oferece mais de 1,3 mil opções de acessórios para noivas e madrinhas. “Uma estratégia que tem dado muito certo é manter parcerias com assessoras de casamento, salões que fazem o Dia da Noiva e ateliês de vestidos de noiva e de madrinhas. Prestando bons serviços e trabalhando juntos, é mais difícil sermos atingidos pela crise”, avalia.

Formada em design de interiores, a dona do Espaço Jardim Leopoldina, Keiko Kamimura, diz que desistiu de trabalhar com obras por darem muita dor de cabeça, e optou pela área de eventos. “Casamento é uma energia mais gostosa, um momento de realização das pessoas. Gosto de contribuir com a realização de cada sonho.”

A casa de festas foi criada em 2010 e, segundo a proprietária, mantém média de crescimento de 15% ao ano. “Mesmo com a crise, a procura continua crescente, o que diminuiu foi o número de convidados, o que para nós não fez diferença, já que o valor da locação do espaço não é medido pelo número de convidados”, diz.

A dona da Camila Relva – Assessoria de Eventos afirma que a demanda aumenta ano a ano. “Em 2013 realizei 20 casamentos, no ano seguinte, acho que por conta da Copa do Mundo e das eleições, a demanda não aumentou, mas neste ano já realizei 30 e até agora já fechei oito para o ano que vem.”

Segundo ela, a crise é assunto recorrente entre os clientes e acaba virando motivo para pechincha. “Todos falam no assunto. Digo que aceito ouvir uma contraproposta para que todos fiquem felizes.”

Diferente

Com oito anos de experiência no mercado de casamentos em Las Vegas (Estados Unidos), Jaime Mario Jimenez fundou, em 2013, o Cerimonial Las Vegas. “Comecei como motorista de limusine e fui aprendendo tudo que está por trás desse prazeroso negócio, até me tornar ministro de cerimônia em Nevada, no final de 2012. Em seguida, criei o negócio.”

Com escritórios em Belo Horizonte e Las Vegas, a empresa se dedica a levar casais brasileiros para uma cerimônia de casamento na cidade americana. Segundo ele, ao contrário de empresas de turismo que tentam prestar serviço similar, o Cerimonial Las Vegas é especializado em cerimônias de casamento. “Tenho acordo com diversas capelas e o ritual é conduzido por ministros de cerimônia brasileiros, que seguem os nossos costumes.”

Ele diz que são vários os motivos que levam casais a se casarem em outro país. “Alguns moram juntos, mas sonham com a cerimônia. Outros são divorciados e procuram algo prático e intimista. Também há os que não querem uma grande festa mas simplesmente casar, ter a lua de mel e conhecer Las Vegas. Por motivos diversos, alguns preferem casar escondidos, criando um clima de Romeu e Julieta.”

Jimenez diz que somente neste mês tem 43 cerimônias contratadas. “Em 2014, fizemos 402 casamentos. Para o próximo ano, a expectativa é crescer 100%.”

Matérias primas

A publicitária Giuliana Pimenta e seu marido, Afonso, são donos da Giuliana Pimenta Bem Casados e Doces Finos. Ela diz que o negócio continua crescendo, mas a crise está atrapalhando com o aumento de matérias primas. “Acho que no próximo ano também poderemos fechar no positivo, mas com lucro menor, porque não dá para repassar todo o aumento para o cliente.”

De acordo com Juliana, de janeiro a agosto deste ano o movimento cresceu 11% em relação a igual período de 2014. A empresa tem dez funcionários, atende pedidos para festa infantil, corporativa, debutante, mas 90% da demanda é de casamento.

A empresária afirma já ter cerca de 20 casamentos fechados para 2016. “Achei curioso, porque normalmente começo a fechar no segundo semestre os casamentos para o ano seguinte, mas agora em 2015 comecei no primeiro semestre. Alguns pagaram à vista. Acho que as pessoas não vão deixar de casar. O que pode acontecer é que o número de convidados seja menor.”

Empreendedora. Giuliana sempre teve vontade de empreender. Em 2008, resolveu abandonar a carreira para assumir o negócio de produção de bem casados que, até então, era tocado pelo seu marido e a mãe dele, Suzana.

“A família dele sempre trabalhou com doces. Em 2006, criou o Suzana Pimenta. Mas dois anos depois minha sogra foi morar em Curitiba e eu coloquei meu desejo em prática. Foi quando introduzimos a produção de doces finos, montamos o ateliê e o site. Mas só em 2012 mudamos para o nome atual.”

A empresária afirma que, apesar da questão do preço das matérias primas, até o momento não sentiu os efeitos negativos da crise.

“Estou vendendo mais do que no ano passado, reparei que no começo do ano tive muito mais pagamentos à vista do que parcelado, que era muito mais comum. Acho que as pessoas estão querendo quitar para tirar a dívida da frente.”

Fonte: O Estado de São Paulo

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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