Pré-sal só se inviabiliza com barril a US$ 45, diz Governo
Duas cotações do barril do petróleo balizam os investimentos da Petrobras e nortearão o Plano de Negócios 2015-2019 da estatal, aguardado ainda para este ano.
Segundo fontes do alto escalão do governo, enquanto estiver acima de US$ 60, não haverá necessidade de rever projetos e reduzir recursos para áreas menos estratégicas que a exploração e produção de óleo e gás.
Apenas se o preço despencar até US$ 45/barril, hipótese descartada pelo governo, o desenvolvimento do pré-sal seria inviabilizado.
Os valores são o limite para cobrir o custo médio do capital. “Cada dólar a mais (em relação aos US$ 45) é lucro para a empresa, porque supera o custo do capital. A empresa está muito bem protegida”, afirmou uma das fontes.
A visão diverge das avaliações do mercado. Na última semana, o valor do barril de petróleo tipo Brent oscilou de US$ 80 a US$ 85, depois de, por quase três anos, ter se mantido na faixa de US$ 100, chamando a atenção de analistas, que divulgaram relatórios traçando cenários difíceis para a Petrobras.
No governo, a análise é que a queda apenas reforça o caixa da Petrobras num primeiro momento.
A estatal comemora a redução dos gastos com importação e o fim da defasagem com os preços internos, que esteve em média 17,3% abaixo dos valores internacionais, segundo relatório do Crédit Suisse.
Além disso, comemora redução no pagamento de impostos, que considera a cotação no mercado externo. No médio prazo, a perspectiva é de retração dos custos de produtos e serviços, que costumam acompanhar o preço do Brent.
“A questão é quanto tempo durará essa fase de redução do preço do petróleo. Em seis meses se sustenta. Em um ano é mais difícil. Em dois ou três anos, mais ainda”, afirmou.
Estrutural
Se o governo não aposta neste cenário, analistas de mercado já simulam impactos de uma queda mais acentuada e duradoura, embora sem consenso.
Para o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as mudanças nas cotações são estruturais, por causa da oferta de gás e petróleo de folhelho nos Estados Unidos.
Fonte: Exame