O “milagre” de Neto? – Maurílio Fontes
Pesquisa publicada hoje informa (ou deforma?) o suposto crescimento do índice de intenção de voto de Neto: 10 pontos percentuais.
Milagre de Neto? Na verdade, pouco crível e fora da realidade que se apresentou após o primeiro turno, com uma série de adesões a Jerônimo Rodrigues de correligionários do candidato do União Brasil.
Se levarmos em conta os votos válidos (50% x 50%), em menos 10 dias, Neto teria crescido em torno de 25%, saindo dos 40,80% para o hipotético índice apontado na aferição.
Ou seja, Neto teria capturado todos os eleitores de João Roma, que alcançou 9,08%, e ainda outros votantes. Obteria no segundo turno 4.064.934 votos, somando em menos de 15 dias 748.223 votos àqueles alcançados no primeiro turno.
A chance probabilística deste cenário “tão netista” acontecer é zero.
Jerônimo Rodrigues, se levarmos em conta o índice registrado na pesquisa, teria crescido apenas 0,55 ponto percentual, algo extremamente residual e completamente destoante dos fatos dos últimos dias.
Comparando-se os dois índices (49,45% no primeiro turno com os 50% dos votos válidos indicados na pesquisa), o petista teria ampliado sua votação em apenas 1,1%.
Com base nos votos válidos do primeiro turno (8.129.868), Jerônimo Rodrigues teria adicionado apenas 45.104 sufrágios ao índice obtido em 2 de outubro (4.019.830 votos), totalizando os mesmos 4.064.934 votos de Neto.
Não dá para acreditar: o índice de Neto é “big” demais para ser verdadeiro.
Aposto tudo que aprendi na pós-graduação em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública (UCSAL-2006) e nas campanhas que coordenei desde a década de 1980 que a pesquisa não retrata, pelas questões levantadas acima, a realidade da eleição para o governo do estado.
A desmoralização ronda alguns institutos de pesquisa. Aparentemente, isso pouco importa.
