Marina escala políticos de 10 partidos para dirigir a Rede

A Rede Sustentabilidade, partido que a ex-senadora Marina Silva trabalha para criar, será dirigida nos Estados por políticos egressos de ao menos dez partidos, que vão do PSDB ao PT, passando pelas chamadas “siglas nanicas”, como PTN e PCB.

Entre os 34 coordenadores-gerais dos 17 diretórios estaduais já homologados pela Comissão Nacional Provisória, 21 têm pelo menos uma filiação partidária anterior. Doze deles já passaram pelo PV, última sigla a que Marina foi filiada. Ao menos quatro já trocaram de partido uma vez.

Parte dos dirigentes já esteve dentro da máquina pública, integrando governos municipais, estaduais e federal, em gestões de PSDB, PTB, PSB e PT. Foram, por exemplo, secretários do Meio Ambiente de Cuiabá e Manaus, chefe da Casa Civil do Pará e secretário do Ministério da Cultura no governo Lula.

O ambientalista Pedro Ivo Batista, que coordena nacionalmente a organização do novo partido e é, ele mesmo, ex-petista, diz que a Rede “vê muito bem essa diversidade”.

Para ele, como “nenhum partido tinha a sustentabilidade como norte”, as pessoas que “pautavam sua atuação nesse tema” estavam dispersas e, agora, se reuniram em torno da Rede. “Boa parte desse pessoal já não tinha participação ativa nos partidos. É um reencantamento com a política”, afirma.

A multiplicidade de partidos também é valorizada por outros integrantes. “Imagine encontrar no mesmo ambiente Heloisa Helena [PSOL] e Walter Feldman [PSDB] falando a mesma língua. Só essa cena é impagável”, resume o ex-petista Charles Alcântara, sobre os dois membros da Executiva Nacional.

Ele diz que a passagem de dirigentes pela “velha política” tem “um pouco de cada coisa”: dá experiência ao partido, mas pode levar ao grupo práticas que contrariem o programa da Rede.
“Não somos acima do bem e do mal. Carregamos erros, não estou imune, exerci o governo. Para vir para a Rede não é preciso ser imaculado, mas estar empenhado com sinceridade em construir algo novo”, afirma Alcântara.

O coordenador-geral em Mato Grosso , Archimedes Pereira Lima Neto –que foi secretário municipal do Meio Ambiente de Cuiabá, em gestões do PSDB e do PTB–, concorda. “Os dois modos de enxergar são válidos. Como estou no primeiro, pretendo trazer a experiência”, afirma.

Lima Neto se prepara para ingressar em seu terceiro partido. Foi do PV até 2011, quando migrou para o PDT.

Apesar de a maior parte dos dirigentes vir de partidos políticos, Pedro Ivo ressalta que “na base, a grande maioria não vem de nada”.

Na organização da Rede, cada diretório estadual tem dois coordenadores-gerais, chamados também de porta-vozes. Na maioria dos casos, foram escolhidos sem uma eleição propriamente dita.

Os dois postos são obrigatoriamente ocupados por um homem e por uma mulher.

A advogada Gisele Uequed, do Rio Grande do Sul, diz que os cargos são uma “formalidade”. “Os nomes constam como dirigentes meramente porque a legislação eleitoral exige isso”, afirma.

Pedro Ladeira/Folhapress
Entre Marcela Moraes (ex-PV) e Walter Feldman (PSDB), Marina Silva visita o Tribunal Superior Eleitoral
Entre Marcela Moraes (ex-PV) e Walter Feldman (PSDB), Marina Silva visita o Tribunal Superior Eleitoral

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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